sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Brasil traz cacau sustentável ao Salão do Chocolate de Paris




O 20° Salão do Chocolate acontece de 29 de outubro a 2 de novembro, em Paris.
REUTERS/Gonzalo Fuentes


Ontem,  quinta-feira (29), no Parque de Exposições de Versalhes, em Paris, o 20° Salão do Chocolate abriu  as portas para receber mais de 500 participantes, dos quais 200 chefs franceses e internacionais, e expositores vindos do mundo todo. O Brasil está presente com produtores de diversos Estados.


O 20°Salão do Chocolate é considerado o evento mais importante de um setor cuja única crise é a perspectiva da futura falta de cacau em 2020, diante da demanda crescente dos consumidores, cerca de 40% no ano passado, principalmente dos países emergentes. E mesmo se este cenário é sinônimo de pagar mais pela delícia, os amantes de chocolate estão dispostos a se sacrificar por este prazer. Para dar uma ideia, em 2013 foram consumidas mais de 4 milhões de toneladas de cacau no mundo, 32% a mais do que há dez anos.

Setenta por cento da produção mundial de cacau vem do Oeste da África: Costa do Marfim, primeiro produtor, Gana, Nigéria e Camarões, além da Indonésia e, é claro, o Brasil. E no Brasil se destaca a Bahia, Espirito Santos, Mato Grosso, Pará e Rondônia.

Patrimônio universal



Vestido de chocolate criado para o Salão de 2013, estará nos desfiles deste ano.



A criadora e diretora do Salão, Sylvie Douce, conta que a programação de 2014 está intensa, com diversas atividades que vão desde ateliês com chefs renomados a concursos e exposições.

E para festejar os 20 anos da feira, o chocolate é homenageado como patrimônio universal: "Foi uma ideia do co-fundador do evento, François Jeantet, que parte do princípio que o chocolate é uma arte maior, é uma matéria, e assim como os fabricantes se superam nas formas, pensamos que seria interessante o chocolate se revelar enquanto escultura.

Um exemplo é o King Kong exposto, do chocolateiro de luxo Jean-Paul Hévin, e também os famosos vestidos de chocolate, modelados em telas.

Serão apresentados cerca de cem modelos criados nos últimos anos e que poderão ser vistos durante os cinco dias do Salão", diz a diretora.

Brasil

O Brasil é o quinto produtor mundial e o sistema Cabruca, utilizado pelos produtores da Bahia, Espírito Santo e Pará, é muito apreciado pelos europeus. O sistema respeita a agricultura tradicional e consiste em plantar o cacau sobre a sombra das árvores; não desmata e alia produção ao respeito pela biodiversidade.

O Brasil é representado todos os anos por um estande que reúne produtores de diversos Estados trazidos pela Associação dos Produtores de Cacau. 
A Bahia está na primeira posição, seguida pelo Pará, Amazônia, Rondônia, Espírito Santo e Mato Grosso.

Leandro Almeida, diretor de operações do fabricante baiano de chocolate premium Mendoá, explica que a empresa também emprega a forma tradicional do sistema Cabruca. A Mendoá participa pela primeira vez do Salão com seu próprio estande: "A expectativa sempre é muito boa porque nós somos, além de produtores de chocolate, produtores de cacau, e isso tem muito a ver com o Salão. Temos toda a cadeia produtiva, do cacau ao chocolate. Então é uma coisa nova para o Brasil, saindo da produção de commodity para a produção de um chocolate fino", diz Leandro.

O empresário lembra que o Brasil já foi o segundo produtor mundial de cacau e hoje tenta competir com os maiores fabricantes do mundo. "Estamos aqui para conhecer o mercado de venda europeu no segmento de chocolate de luxo e entrar em lojas de delicatessen e empórios".

Sucesso

O Salão, como vocês podem imaginar, atrai milhares de pessoas, além dos profissionais envolvidos no setor.

Com novidades em cores e sabores, criações atrtísticas e experiências sensoriais, a feira promete deliciar os 130 mil visitantes esperados neste ano.

O Salão do Chocolate acontece de 29 de outubro a 2 de novembro, no Parque de Exposições de Versalhes, em Paris.


segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Seagri alerta para riscos de pragas na importação do cacau

Foto: Ed Ferreira
Visando assegurar a proteção fitossanitária da agropecuária baiana, a Secretaria da Agricultura da Bahia (Seagri), através de sua Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), alerta para os riscos da importação de cacau via Porto de Ilhéus. Por se tratar da principal região produtora de cacau, o risco de introdução e estabelecimento de pragas exóticas nas lavouras baianas é eminente. As ameaças estão expressas na nota técnica apresentada durante o debate sobre a cacauicultura na Bahia, promovido pela Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa (Alba), presidida pelo deputado Vitor Bonfim. O relatório foi produzido pela comissão técnica constituída pela Adab, e formada pelos nove órgãos ligados à cultura do cacau na região, além de representantes dos produtores e do Ministério Público (MP), e será encaminhada ao Ministério da Agricultura (Mapa).
 
A nota técnica aponta para o risco de introdução de pragas como a Striga spp, Trogoderma granarium e uma espécie de Podridão-parda, que não existem nas plantações brasileiras. “A Striga spp., por exemplo, mais conhecida como ‘erva bruxa’, possui grande potencial de devastação em diversas culturas, com significativa importância econômica para o País, como cana-de-açucar, milho, trigo, café, entre outros. A ameaça de disseminação da Striga na região do Litoral Sul da Bahia é ainda maior, já que possui condições edafoclimáticas favoráveis à proliferação dessa praga em todo o território”, explica a coordenadora do Programa de Prevenção à Monilíase da Adab, Catarina Matos Sobrinho.
 
A revisão dos Atos Normativos sobre Análise de Riscos de Pragas (ARPs); a mudança do ponto de entrada no Brasil das importações para locais onde não exista o cultivo de cacaueiros, com infraestrutura quarentenária adequada; controle da entrada e trânsito de sacarias e realização de estudos para desenvolvimento de produto que substitua o brometo de metila em tratamentos quarentenários. Essas foram algumas das deliberações necessárias apontadas pelo comitê no relatório.
 
Ficou acordada na reunião da Alba, a formação do Grupo de Apoio ao Cacau na Comissão de Agricultura da Alba, coordenado pelos deputados Pedro Tavares, Eduardo Salles e Aderbal Caldas. A revisão do Drawback (importação de insumos para reexportação com isenção de impostos) e endividamento e disponibilização de crédito novo para os cacauicultores baianos, também são pontos cruciais, que fazem parte das necessidades reivindicadas pelos produtores de cacau.
 
 

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A Nestlé entra no combate ao trabalho infantil nas fazendas da África Ocidental.


A Nestlé será a primeira marca internacional de chocolate a fabricar todos os seus produtos com cacau de origem sustentável, num momento em que o setor enfrenta acusações de trabalho infantil na oferta de matérias-primas.

Todas as barras de KitKat serão fabricadas com cacau autorizado por terceiros independentes até o primeiro trimestre de 2016, disse em comunicado esta segunda-feira, dia 21, a companhia com sede em Vevey, na Suíça. Esta medida inclui os chocolates fabricados nos EUA, que são produzidos pela Hershey, titular da licença.

Este sector foi criticado durante anos porque os produtores compram cacau de fazendas que utilizam trabalho infantil. Visitas aleatórias a 200 fazendas na Costa do Marfim que fornecem para a Nestlé, encontraram quatro crianças com menos de 15 anos a trabalhar nas plantações de cacau, de acordo com um relatório da Fair Labor Association publicado no ano passado.

Em 2001, a Nestlé e outros fabricantes de chocolate aderiram a um plano para acabar com o trabalho infantil nas fazendas da África Ocidental.


quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Acusada de trabalho infantil, Nestlé troca fornecedor de cacau

Fazenda de cacau anos 20
MUNDO - Nestlé vai trocar fornecedor de cacau para evitar o trabalho escravo.


A fabricante será a primeira marca internacional de chocolates a produzir com cacau de origem sustentável. É que o setor sofre acusações de comprar matérias-primas de fazendas que utilizam trabalho infantil.

Agora, todas as barras do chocolate KitKat serão fabricadas com cacau autorizado até o primeiro trimestre de 2016. Em fazendas vistoriadas na Costa do Marfim que fornecem o alimento para a Nestlé teriam sido encontradas crianças com menos de 15 anos trabalhando nas plantações de cacau, de acordo com um relatório de uma associação sem fins lucrativos.

Desde 2012, a maior empresa de alimentos do mundo é monitorada pela organização com o objetivo de acabar com essa prática. Há poucos dias, a Nestlé foi processada por consumidores que alegaram que uma ração para gatos continha peixe de um fornecedor tailandês que utiliza trabalho escravo.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O cacaueiro , Theobroma cacao, da família das esterculiáceas, é originário da zona equatorial quente e chuvosa da América Central e Amazonas, onde se encontra no estado nativo na sombra das florestas. Constitui andar térreo das selvas, tendo por cima árvores de porte médio e outro andar – copas de árvores gigantescas. Encontra o cacaueiro, nessas condições, seu ambiente favorável: luz peneirada, umidade do ar e substâncias orgânicas em decomposição, folhagem e madeira podre, nas quais as raízes se alimentam. É planta de antigo cultivo pelos aborígenes da América Central e do México. (Bondar,Gregório –O cultvo do Cacaueiro- 1956-Tipografia Nval –Ba).
Mitologia e crenças
Suas origens são carregadas de mitologia. Para os astecas, tratava-se de uma árvore sagrada, presente divino enviado à civilização que se desenvolveu no México. Já naquela época o cacau se destinava à produção de uma espécie rústica de chocolate – alimento que impressionou os colonizadores espanhóis pelo seu alto teor energético. Guerreiros astecas atravessavam dias sustentando seus corpos apenas com as amêndoas daquele fruto. Por esse motivo, ele foi batizado cientificamente com o nome theobroma cacao, quer dizer, manjar dos deuses.
Como os astecas receberam os europeus?

Quando as caravelas espanholas apareceram pela primeira vez na linha do horizonte, os astecas acreditaram que estavam assistindo ao cumprimento de uma antiga profecia religiosa: a volta à terra do deus Quetzalcóatl, a serpente sagrada, que teria originalmente trazido o cacau do mundo das divindades para o mundo dos homens. Os historiadores afirmam que, ao confundir o colonizador Fernando Cortez com Quetzalcóatl, os astecas o receberam de braços abertos. Quando viram que estavam enganados já era tarde demais. Durante o processo de conquista, os espanhóis destruíram a complexa civilização nativa. E levaram o chocolate para a Europa.
Só existe um tipo de cacau?

Pesquisas feitas no código genético dos cacaueiros indicam que todas as variedades têm a mesma origem: a árvore que existia na floresta tropical amazônica. Quando a espécie migrou para outras regiões mais ao norte, na América Central e sul do México, passou por variações, decorrentes das condições de solo, clima e cultivo. Astecas e maias conheciam uma variedade que produz frutos grandes, com superfície enrugada e sementes com interior de cor branca ou violeta-claro. É o cacau criollo (nativo). Na Amazônia encontra-se a variedade de superfície mais lisa, com sementes de interior escuro, indo do violeta mais tinto até quase o preto. Foi a primeira variedade a aparecer. Como não era conhecida por astecas e espanhóis, acabou sendo batizada de forasteiro. Há ainda outras variedades, como os trinitários, mas todas originadas do cruzamento das duas principais.






O avanço do Cacau No Mundo
Cacau No Brasil
No Brasil, o berço do cacau foi a região amazônica por conta das altas temperaturas e das chuvas abundantes, ideais para o crescimento da planta.
Cacau na Bahia
Mas, em meados do século VXIII , a introdução das primeiras sementes no sul da Bahia, oriundas do Pará, escreveu um novo capítulo na história dessa cultura.
São vários os motivos que explicam seu florescimento
Em primeiro lugar, o clima quente e úmido, bastante similar ao do seu habitat natural, facilitou o processo de adaptação do cacaueiro, que também precisa da sombra oferecida por árvores de maior estatura para sobreviver. “Além disso não havia uma economia desenvolvida naquela região. Faltavam investimentos maciços desde a época das capitanias hereditárias de Ilhéus e de Porto Seguro”, explica Angelina Garcez, historiadora da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Os desbravadores
Os engenhos de açúcar não vingaram naquela parte do estado e, por essa razão, a selva nativa ficou praticamente intocada, à espera dos desbravadores que, anos depois, derrubariam a vegetação mais fina para plantar os pés de cacau, resguardados pela proteção da Mata Atlântica.
Os primórdios da Cacauicultura familiar
“No século XVIX , houve um grande fluxo de pessoas para lá devido a uma seca muito forte nos sertões da Bahia e de Sergipe. Os migrantes, pessoas humildes e semi-analfabetas, traziam primeiro a família nuclear, depois os parentes mais distantes. O cacau não conheceu a mão de obra escrava por ser uma cultura pobre, de agricultura familiar em pequenas glebas”, completa Angelina.
A origem simples e a falta de recursos dos primeiros homens que se aventuraram mato adentro, para formar suas roças, explica uma outra característica interessante daquela região, visível ainda hoje: o baixo número de latifúndios. Lá não ocorreu o processo de doação de sesmarias, uma das raízes da elevada concentração de terras no Brasil. “Além disso, com pequenas áreas já se tem uma grande produtividade e uma boa rentabilidade.
 A cultura do cacau não tem necessidade de grandes glebas. Por outro lado, a concentração fundiária no sul da Bahia se dá de outra forma: um proprietário pode ter várias fazendas de porte reduzido”, afirma Fernando Vargens, chefe da unidade de Itabuna do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O Boom do cacau
A partir de 1860, o cacau se converteu em objeto de desejo de fábricas de chocolate da Europa e dos Estados Unidos. Praticamente toda a safra era exportada, pois não existia o costume de se consumir o fruto e seus derivados no país. As primeiras manufaturas nacionais só apareceram na virada do século. É justamente nesse momento que a cacauicultura viveu seu ápice. O Brasil ocupou o posto de maior produtor mundial até meados da década de 1920.
 No mesmo período, a região sul da Bahia assistiu a uma verdadeira guerra entre os fazendeiros. Época em que os poderosos coronéis – descendentes daqueles primeiros humildes desbravadores – não mediam esforços e nem violência para expandir seus negócios mediante a apropriação de plantações pertencentes a agricultores menos abastados. “O coronelismo no sul do estado é diferente daquele observado nos engenhos ou na pecuária dos sertões, que tinham como força motriz o latifúndio. No caso do cacau, o coronel mais forte era o que produzia mais. Não se comprava terra, mas pés de cacau”, relata Angelina.



A saga do cacau na Bahia
Marcada no imaginário popular por lendas que retratam o passado de extravagâncias dos ricos e famigerados coronéis, imortalizados pela literatura de Jorge Amado, o sul da Bahia luta para recuperar o prestígio de tempos atrás da cultura que moldou a identidade da região: o cacau.
Texto e Fotos: Carlos Juliano Barros
 (Gazeta Mercantil, 12/04/95)


Onde e quando surgiu o primeiro pé de cacau?

Os primeiros pés de cacau apareceram há milhões de anos na floresta amazônica, entre dois grandes rios situados ao norte da América do Sul: o Orenoco – que nasce nas Guianas e se estende por boa parte do território venezuelano – e o gigantesco Amazonas, cuja bacia abrange vários países, além do Brasil: Colômbia, Venezuela, Bolívia, Equador, Guiana e Peru. Depois, correntes migratórias nativas levaram a planta para a América Central, onde se desenvolveu a civilização maia e, mais adiante, até o México, onde habitaram os astecas.


domingo, 16 de agosto de 2015

Plantações de cacau ameaçam a Amazônia, afirma estudos da ONG WRI


Mais uma vez  uma ONG  a serviço de interesses escusos tenta colocar a opinião pública  mundial em cheque.


A expansão das produções de cacau estão invadindo territórios de mata virgem da Floresta Amazônica
Produção de cacau tem crescido, em parte, à custa de desmatamento e aumento de emissões de gases, sugere estudo (Foto: Ernesto de Souza / Ed. Globo)

O aumento do prazer das pessoas em consumir chocolate pode ser cada vez mais medido pelas cifras do aumento do uso e consumo do cacau, no entanto, muitos destes amantes do produto podem não imaginar que em conjunto com o doce estão “abocanhando” um pedaço da Amazônia.

Para satisfazer a crescente demanda, a produção mundial de cacau foi crescendo mais de 2,1% por ano na última década, alcançando as 7,3 milhões de toneladas em 2014, segundo a Organização Internacional do Cacau.

Estes aumentos tem levado a indústria a buscar novas terras para produção, em muitos casos as custas do desmatamento e do aumento das emissões de gás carbônico (CO2).

Este alerta parte do estudo publicado pelo World Resources Institute (WRI) que demonstra com imagens de satélite as plantações de cacau invadindo a floresta amazônica.


A maior parte da produção mundial do fruto historicamente provinha dos países da África Ocidental, mas o envelhecimento natural das plantas, o aumento das pragas e doenças e as condições desfavoráveis causadas pelas mudanças climáticas impedem a região de continuar mantendo sua fatia de mercado, com a demanda cada vez maior.
saiba mais

Com esta situação, os produtores viraram para a América do Sul como futuro grande celeiro de cacau do mundo, explica à Efe Ruth Noguerón, portavoz do Programa de Alimentos, Campos e Água do WRI.

Os dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) confirmam a situação: a produção de cacau no Peru aumentou cinco vezes entre 1990 e 2013, fazendo com que o país andino tenha entrado desde o ano passado na lista dos dez maiores produtores de cacau do mundo.

O aumento da produção não necessariamente precisaria implicar em danos ambientais, até pelas árvores de cacau reforçarem a absorção do CO2 atmosférico e do solo, conforme observaram os especialistas. Porém, ao invés de fazer o bom uso do solo, o que foi feito foi a ampliação da quantidade de terras disponíveis através do desmatamento.

Noguerón aponta o exemplo do caso da empresa United Cacao, que em 2012 desmatou 2 mil hectares de floresta amazônica no Peru para estabelecer plantações de cacau.

As imagens obtidas pelos satélites da NASA permitiram os especialistas obter dados sobre a parte desmatada e assim poder calcular o aumento das emissões de gases do efeito estufa associados à mudança do uso do solo. Mais de 602 mil toneladas de CO2 serão emitidas na atmosfera em incremento, o que equivale a dirigir com um carro ao redor do globo 60 mil vezes.

O pesquisador Matt Finer, da Associação para a Defesa da Amazônia, explica à Efe que a citada empresa se tornou marco legal no Peru por defender que suas práticas não eram um “desflorestamento”, mas um “desbosqueamento”, dando a entender que ela não removia mata virgem de florestas e apenas regiões de mata arbustiva.

Finer sustenta que a United Cacau “está mudando o modelo de produção sustentável de cacau no Peru da pequena escala que se utiliza de terrenos já desmatados para um modelo agro-industrial de grande escala que planta sobre terrenos ocupados por bosques”.

Em todo o caso, a descoberta do WRI desmente um cálculo de emissão de 169 gramas de CO2 na atmosfera por cada barra de chocolate (49 gramas) consumida, feito pela multinacional Cadbury. O antigo cálculo considerava apenas os gases emitidos na produção das matérias primas do produto (cacau, leite e açúcar), da embalagem e da distribuição, mas não as mudanças no uso de terras recém descobertas.

Segundo o instituto, a pegada de carbono do chocolate cresceu para 6,8 gramas de CO2 por grama de chocolate ao leite e 10,1 gramas de CO2 para uma grama de chocolate amargo.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Brasil reforça ações para manter plantações de cacau livres de doença



País recebe da Costa Rica três clones tolerantes à monilíase do cacaueiro para dar continuidade a pesquisas voltada à prevenção

Mais um reforço nas ações desenvolvidas pelo Brasil para se prevenir contra a entrada da monilíase do cacaueiro. Essa doença, ausente do território nacional, é provocada pelo Moniliophthora roreri, fungo que ataca o fruto do cacau causando prejuízos que variam de 50% a 100% da produção. Recentemente, a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, recebeu da Costa Rica material genético tolerante à monilíase, que será multiplicado em seus campos experimentais.

O material resistente à monilíase foi enviado pelo Centro Agronômico de Pesquisa e Ensino (Catie), da Costa Rica. Os três clones remitidos ao Brasil ficarão em quarentena por dois anos no Centro Nacional de Recursos Genéticos (Cenargen), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Brasília. Essa ação faz parte do programa de pesquisas da Ceplac, em cumprimento ao Plano de Contingência da Monilíase do Cacaueiro.

A chegada dos três novos materiais genéticos possibilitará que a Ceplac continue os trabalhos de melhoramento genético preventivo, visando a resistência à monilíase. Segundo o assessor técnico-científico da instituição Manfred Müller, as pesquisas em andamento estão na fase de teste de progênie. O ensaio foi iniciado em 2012, contando hoje com cerca de 160 progênies oriundas do cruzamento de material resistente à monilíase e o estabelecimento para teste de campo de 30 mil plantas em áreas da Ceplac e/ou propriedades particulares.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Lançamento do Festival Internacional do Chocolate e Flor Pará 2015

O 3º Festival Internacional do Chocolate e Cacau da Amazônia e Flor Pará 2015 

Data da Pauta: 11/08/2015 19:00:00
Expira em: 11/08/2015 23:00:00
Local: Espaço São José Liberto
Endereço: Praça Amazônas - Bairro Jurunas
Contatos: Simone Romero (Ascom Sedap): 98754 7430

Serão lançados na noite de hoje, terça-feira, 11, no Espaço São José Liberto, o 3º Festival Internacional do Chocolate e Cacau da Amazônia e Flor Pará 2015, que estarão integrados em um grande evento, no mês de setembro, organizado pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap). Na ocasião, haverá apresentação de uma das joias desenhadas pelos artesãos do Polo Joalheiro para a coleção a ser lançada durante o Festival Internacional e também da marca-conceito de chocolates do chef paraense Fábio Sicilia.

“Nossa meta é mostrar para investidores, dentro e fora do Brasil, que temos uma produção consolidada tanto de flores quanto de cacau e também abrir novos mercados para os nossos produtos. Estamos trabalhando em duas vertentes: uma é a atração de novos investimentos, de forma a promover a agregação de valor ao produto dentro do próprio Estado, gerando emprego e renda para a população local, e a outra é estimular a exportações para mercados premium”, explica o titular da Sedap, Hildegardo Nunes.

Ainda durante o lançamento, será apresentada uma prévia do documentário sobre a produção de cacau no Pará, que está sendo realizado pela TV Cultura com recursos do Fundo de Apoio à Cacauicultura do Estado do Pará (Funcacau), e será dado início ao II Circuito Gastronômico do Chocolate e Cacau da Amazônia.

Durante os meses de agosto e setembro, alguns dos principais restaurantes de Belém vão incluir eu seus cardápios, pratos e sobremesas à base de cacau e chocolate criados especialmente para o evento.

O 3º Festival Internacional do Chocolate e Cacau da Amazônia e Flor Pará 2015 serão realizados simultaneamente pela Sedap, entre os dias 17 e 20 de setembro, para promover dois dos produtos agrícolas paraenses com maior potencial de atratividade para o mercado internacional: as flores tropicais e o cacau. Mais detalhes da programação no sitewww.festivaldochocolate.com.

sábado, 1 de agosto de 2015

Cacau e banana irrigados podem ser o novo boom do Oeste da Bahia

 
 (Barreiras e Riachão das Neves – BA) - Conhecido internacionalmente como o celeiro de grãos da Bahia, onde são produzidos café e soja de qualidade, milho com a maior produtividade do mundo, e algodão com fios tão bons ou melhores que os egípcios, o Oeste baiano destaca-se agora com outras culturas irrigadas, que despontam como o novo boom da região. Trata-se da banana e do cacau irrigados, cujas áreas começam a ser ampliadas e já estão presentes em Luis Eduardo Magalhães, Barreiras, Riachão das Neves e Bom Jesus da Lapa, dentre outros municípios. O mamão também é uma cultura em alta na região.
No Projeto de Irrigação Barreira Norte, localizado em Barreiras, às margens da estrada que liga ao município de Angical, onde inicialmente plantou caju e viu essa cultura fracassar, o agricultor Antonio Veloso, de 65 anos, que já teve propriedades em Camacam e Pau Brasil, no Sul da Bahia, valeu-se de sua experiência de cacauicultor e iniciou a plantação de cacau irrigado, numa área de 4 hectares, no seu lote de 7,5 hectares. Trabalhando de sol a sol, ele colhe hoje os frutos de sua visão. “O cacau irrigado já é realidade aqui. Mais quatro proprietários de lotes já estão plantando mais de 20 hectares, e também minha filha está preparando 7,5 hectares para o plantio. Não tenho dúvidas de que o cacau será o novo boom do Oeste. Mas precisamos de assistência técnica e de linhas de financiamentos que nos permitam novos investimentos”.
Destacando que a fruticultura irrigada é uma das prioridades da Secretaria de Agricultura da Bahia (Seagri), o secretário Paulo Câmera e o superintendente de Desenvolvimento da Agropecuária (SDA/Seagri), Adriano Bouzas, já estão elaborando uma missão à região, para discutir a questão com os pequenos, médios e grandes produtores.
A plantação de cacau de Seo Antonio Veloso, cuja produção é da ordem de 90 arrobas por hectare, é consorciada com banana irrigada, cuja renda zera o custo de produção do cacau. “Estamos erradicando o que resta de caju, e vamos ampliar a área de cacau”, diz Veloso.
SEM VASSOURA-DE-BRUXA
Uma das importantes características do cacau irrigado do Oeste é que está livre da vassoura-de-bruxa, por causa do clima. “Este fator é muito importante”, destaca o diretor geral do Instituto Biofábrica de Cacau (IBC), Henrique Almeida, comentando ainda que “o casamento cacau/banana é perfeito, especialmente nesse momento em que os preços desses produtos estão em alta no mercado”.
Especialista em cacau, Henrique Almeida afirma não ter dúvida do sucesso do cacau no Oeste, e coloca o Instituto Biofábrica de Cacau à disposição para fornecer mudas de qualidade. O IBC é a única instituição na Bahia licenciada pelo Ministério da Agricultura (Mapa), para produzir e fornecer mudas de cacau. Para Júlio Buzato, presidente da Associação de Irrigantes e Agricultores da Bahia (Aiba), a cultura de cacau na região é promissora, embora ele a considere em fase de teste.
Além de incentivar o cultivo de cacau na região, Antonio Veloso implanta em sua propriedade o sistema agroflorestal, e faz crescer na região um pedaço da Mata Atlântica. Com mudas originárias do Sul e Baixo Sul do Estado, ele já plantou em sua propriedade inúmeros exemplares de Aroeira, Cajá Mirim, Jacarandá, Sapucaia, Ipê, Pau Darco e Pau Brasil.
Veloso está plantando também mudas de Teca (Tectona grandis), árvore nativa na Ásia e utilizada há séculos na Índia, Indonésia, Tailândia e outros países asiáticos, muito usada na indústria moveleira e também na industrial naval. O metro quadrado dessa madeira pode chegar a US$ 8 mil. No Brasil é cultivada no Mato Grosso e o plantio comercial avança para os estados da região Norte. 
Banana Irrigada
Cultura já sedimentada em Bom Jesus da Lapa, no Perímetro Irrigado de Formoso, onde gera cerca de cinco mil empregos diretos e indiretos, a banana irrigada expande-se nos perímetros de Nupeba e Riacho Grande, no município de Riachão das Neves, e avança no Barra Norte, onde a empresa Portal do Oeste amplia sua produção, no Barreira Norte.
Responsável por esse projeto, o produtor Alexandre Moreira Maciel, explica que tem hoje 60 hectares de banana e está abrindo mais 12 hectares, plantando ainda 12 hectares de mamão formosa. A produção de banana, prata e nanica, chega a 40 toneladas/ano/hectare, toda ela comercializada em Barreiras, Correntina e Bom Jesus da Lapa, e ainda distribuída para o estado do Piauí. Alexandre cultiva ainda 6 hectares de cacau irrigado.
 
Ascom Seagri 

CNA defende revisão do regime de importação da amêndoa do cacau pelo regime de Drawback

Foto: Ed Ferreira

Brasília (31/07/2015) - O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, pediu a revisão do Regime de Drawback para o cacau brasileiro, instrumento pelo qual o país importa insumos isentos de tributação para industrialização de determinado produto para exportação. A solicitação foi entregue na última quarta-feira (29/7), na reunião do Conselho Consultivo do Setor Privado (Conex), formado por entidades empresariais que assessoram a Câmara de Comércio Exterior (Camex) do governo federal.

A reivindicação é justificada pelo retorno da autossuficiência do Brasil na produção de cacau, que totalizou 279 mil toneladas em agosto. Deste total, 229 mil toneladas foram destinadas à moagem, gerando excedente de 50 mil toneladas. O Brasil já havia importado 35 mil toneladas da amêndoa em 2014 pelo sistema do drawback. O pedido faz parte de uma lista de prioridades encaminhadas pela CNA ao governo federal na pauta de comércio exterior. A Camex é presidida pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio exterior, Armando Monteiro.

“O Brasil, que já foi grande exportador de cacau no passado, passou a ser importador devido a problemas como a vassoura-de-bruxa, que surgiu no final da década de 90. Quando isso aconteceu, todo modelo comercial do cacau foi revisto e o drawback entrou em cena. Agora, com a clara retomada da produção brasileira, sendo o país, novamente, um potencial exportador, é fundamental revisar a política de drawback para o cacau, garantir uma concorrência leal e evitar a desestruturação do mercado interno”, explicou o presidente da CNA e da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB), João Martins.

Com o excedente, os produtores de cacau brasileiros enfrentaram problemas com a comercialização, gerando deságio que já atinge US$ 500 por tonelada. A CNA também propôs que o critério de reexportação por valor seja substituído pela equivalência de cacau no produto final e que o prazo dessa reexportação seja reduzido dos atuais 24 meses para seis meses. “Esse é o tempo máximo que a amêndoa pode ficar estocada, mantendo a garantia do produto. Depois disso, perde qualidade. Esse prazo de dois anos beneficia apenas a indústria”, pontua Martins.

O pedido foi feito levando em conta os principais estados produtores da fruta. A Bahia é responsável por aproximadamente 64% da produção nacional do cacau, sendo o principal estado produtor, o que levou a FAEB a solicitar à CNA que a questão fosse levada à reunião do Conex. Mas outras unidades da Federação também têm se destacado nos últimos anos na produção, como Pará e Rondônia. Recentemente, a entidade solicitou ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) a revisão das análises de risco de praga da amêndoa do cacau importada pelo Brasil de outros países, principalmente Costa do Marfim, Gana e camarões, que lideram a oferta global do produto.


Assessoria de Comunicação CNA

"Drawback", um novo inimigo para o cacau Com Luiz Fernando Lima





Já sofrido com as consequências biológicas, econômicas e políticas da vassoura de bruxa, os cacauicultores baianos, que a duras penas vêm conseguindo se reerguer, têm um novo inimigo, a importação.

Quando houve a quebradeira geral, a produtividade despencou e a indústria apelou para o drawback, modelo de importação previsto na lei pelo qual quem importa produtos para processar aqui e depois exportar, ganha isenção de tributos.

Ocorre que agora a cacauicultura voltou a obter níveis de produtividade que não justifica mais as quantidades importadas. Resultado: a indústria vem usando o drawback para minar o preço interno, deságio em torno de U$ 700 na cotação da bolsa, puxando o preço interno para baixo, o que dá ao produtor uma perda em torno de R$ 30 por arroba.

A insatisfação é generalizada. Esta semana, os produtores fizeram uma reunião em Gandu e programam outras em Itajuípe e Camacã. Eles se acham politicamente desamparados e vão à luta por si.

Em setembro chega ao porto de Ilhéus nova importação de Gana. A ideia é travar o porto. Vai dar rolo.

Fonte: Jornal a tarde

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Contratos de futuros de cacau fecham em alta em Nova York

Sedap busca mercados internacionais para o cacau paraense

Este ano, a produção paraense de cacau deve atingir 110 mil toneladas de amêndoas.
 

Este ano, a produção paraense de cacau deve atingir 110 mil toneladas de amêndoas. A meta é alcançar o mercado internacional.

O governo está começando a prospectar mercados internacionais para a produção paraense de cacau que, este ano, deve atingir 110 mil toneladas de amêndoas. O secretário de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca, Hildegardo Nunes, participa, nesta quinta-feira (30), em Brasília, de reunião na Embaixada da Bélgica para discutir a possibilidade de exportação de amêndoas dos tipos superior e fino para o mercado belga. A agenda do secretário na capital federal também inclui visitas às embaixadas do Chile, Colômbia, Equador e Costa Rica para convidar estes países para participarem do Festival Internacional do Cacau e Chocolate e Flor Pará, que serão realizados em setembro, em Belém.

Atualmente, quase toda a produção paraense – perto de 90% - é vendida para grandes empresas de tranding da Bahia. E é por meio destas empresas que o cacau paraense chega tanto ao mercado interno quanto externo. A meta da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) é, além de fazer com que um percentual cada vez maior da produção seja verticalizado dentro do próprio Estado, atraindo indústrias dos setores alimentício e de cosmético que utilizam o cacau como insumo para se instalarem no Pará, também vender as amêndoas paraenses diretamente para um dos mercados mais apetitosos dentro do segmento de chocolate que é dos produtos de qualidade superior.

Para ter dimensão do que a exportação destinada a abastecer o mercado internacional de chocolates finos pode acrescentar de renda aos produtores de cacau do Pará, basta saber que enquanto o cacau considerado comum é negociado em média a R$ 130 a arroba (15 quilos) o produto classificado como tipo superior pode atingir o preço de R$ 350 a arroba. Ou seja, o produtor pode quase triplicar os ganhos com a venda do cacau.

Ainda ontem,quinta-feira em Brasília, Hildegardo participa de reunião na Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para pedir apoio do governo federal para o programa de controle e prevenção da vassoura de bruxa e monilíase, que está sendo implantado pela Sedap em parceria com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). O programa visa assegurar a qualidade e a segurança fitossanitária das plantações de cacau do Pará.


Fonte: Agência Pará de Notícias



quinta-feira, 30 de julho de 2015

Indústria pede a retomada da importação de cacau da Costa do Marfim


BRASÍLIA - A Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) criticou o pedido da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) para que o Ministério da Agricultura revise a análise de risco de pragas do cacau importado de países africanos como Costa do Marfim, Gana e Camarões, líderes mundiais da produção global da amêndoa. 

O presidente da AIPC, Walter Tegani, afirma que a análise de risco foi concluída no ano passado pelo Departamento de Sanidade Vegetal do ministério e que, desde então, está comprovado que a Costa do Marfim cumpriu as exigências fitossanitárias feitas pelo governo brasileiro. 

A indústria de processamento de cacau instalada no país pede há três anos que o ministério retire o bloqueio imposto às importações de cacau de Costa do Marfim por conta da descoberta de uma carga infestada de insetos no Porto de Ilhéus, na Bahia, em 2012. "Não há nenhuma fundamentação técnica para sustentar a manutenção da proibição", afirmou Tegani. "Foi uma surpresa para nós esse pedido da CNA. 

Depois de todos os esclarecimentos feitos ao ministério, temos plena convicção de que há um movimento dos produtores de cacau da Bahia para evitar a concorrência com a amêndoa do país africano", concluiu. O executivo pondera que, neste momento, as importações brasileiras de cacau estão em baixa - recuaram 9% no primeiro semestre deste ano ante o mesmo intervalo de 2014 - e, portanto, a indústria nacional não deve fechar novas compras de cacau africano neste segundo semestre.

 No entanto, avisa que a continuidade desse imbróglio pode culminar em um conflito diplomático, uma vez que a Costa do Marfim tem manifestado interesse em abrir um contencioso na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o Brasil.

 Em relatório de missão à Costa do Marfim, em 27 de fevereiro de 2013, ao qual o Jornal  Valor Econômico  teve acesso, os fiscais federais agropecuários brasileiros Carlos Artur Franz e Jefé Leão Ribeiro avaliaram que são favoráveis as condições para a retomada das importações de cacau do país africano. "Sob o ponto de vista de segurança fitossanitária e confiabilidade na certificação fitossanitária realizada pela Costa do Marfim, concluímos que oferecem as condições necessárias para admissão pelo Brasil, não havendo óbices técnicos para a retomada das importações de amêndoas de cacau de origem daquele país, desde que a fiscalização no ponto de ingresso no Brasil seja efetiva, conforme prevista nas normativas em vigor", diz o relatório. 

Fonte: Valor

Numa forte demonstração de união, os cacauicultores reivindicam seus direitos


Foto: Dorcas Guimarães

Uma concentração inédita de produtores em Gandu, que conseguiu unir as micro regiões produtoras numa demonstração clara que os “novos lideres” à frente das questões do cacau estão dispostos a mudar o quadro de letargia politica quando se trata de defender os interesses da cacauicultura do Sul da Bahia.

Tudo começou com uma mobilização para as reuniões ocorridas em Ilhéus em 08, Ipiau 16 e Gandu 29 do corrente mês. Em todas as reuniões tiveram como objetivo a sensibilização dos produtores de cacau e posterior desenvolvimento de ações que minimizem as perdas ocorridas na comercialização do cacau. 

 


Na medida em que avançavam, nas reuniões foram estabelecidos grupos de trabalho (GTs) para atender as micro regiões produtoras de cacau no Sul da Bahia.

O mote principal que levou a esta reunião foi estabelecer regras para exportação de cacau, importação e o drawback. Na oportunidade criaram também (GTs) responsável pela acessória de mercado de cacau e o GT Jurídico, responsável pela acessória jurídica em possíveis ações judiciais a serem propostas, principalmente no tocante as questões das dividas do cacau, criando uma via de acesso entre o Governo e a realidade vivenciada pelos cacauicultores.

A cultura do cacau vive uma nova fase e os descendentes dessa cultura mudam suas posturas e partem para união da classe com o objetivo de reivindicar seus legítimos direitos como qualquer outra categoria de agricultor junto ao Governo Federal e Estadual. Numa clara demonstração que os tempos são outros, o encontro de cacauicultores em Gandu, terceiro de uma série, surpreendeu até mesmo os mais experientes produtores acostumados a ver apenas alguns gatos pingados reivindicando. Um novo marco ficou bem claro em Gandu que uma nova fase do cacau despontou.

“As mudanças de comportamento dos produtores de cacau em relação às dificuldades vividas na região fazem com que surja a esperança de novos caminhos que nos levarão a novos horizontes”. Milton Andrade Junior – Presidente do sindicato do cacau de Ilhéus.

terça-feira, 28 de julho de 2015

CNA pede ao governo revisão de análise de risco de novas pragas do cacau de países africanos




Brasília – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) solicitou ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) a imediata revisão das Análises de Risco de Pragas do cacau de países que exportam este produto para o Brasil, entre os quais Costa do Marfim, Gana e Camarões, principais produtores mundiais da fruta. A preocupação da entidade é com o risco de disseminação de novas pragas na lavoura cacaueira, em um momento de recuperação da atividade.

Em ofício encaminhado ao órgão, o presidente da Comissão Nacional de Fruticultura da CNA, Tom Prado, explica que a medida tem o objetivo de garantir a segurança fitossanitária das lavouras de cacau no país. Ele relata que, em 2012, foi identificada a presença de insetos vivos em uma carga de quatro mil toneladas de amêndoas de cacau vinda da Costa do Marfim, maior produtor e exportador mundial, que entrou no Brasil pelo Porto de Ilhéus, na Bahia.

“Esse fato causou uma grande preocupação nos produtores”, lembra Tom Prado. Para o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Cacau e vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB), Guilherme Moura, a cacauicultura passa por um momento de retomada significativa de crescimento. Assim, a possível entrada de uma nova praga “botaria por terra todo o trabalho do setor”.

Entre as pragas mais conhecidas que atingem a produção cacaueira, estão a monília, o broto inchado e a vassoura de bruxa, sendo que esta última afetou grande parte da produção no final da década de 80.

“Essa recuperação é incontestável. O país hoje é autossuficiente na produção. Ainda que precisemos importar, isso deve ser feito na maneira mais segura possível”, ressalta. No ano passado, o país importou 35 mil toneladas de cacau pelo Regime Especial de Drawback, mecanismo que consiste na eliminação de tributos incidentes sobre insumos importados para industrialização de produtos visando à exportação. Segundo Moura, é incontestável a recuperação da atividade cacaueira, tanto na Bahia quanto no norte do país, principalmente no Pará e em Rondônia.

Além da retomada do crescimento da atividade, Guilherme Moura destaca o novo perfil do cacauicultor, com foco empresarial e preocupado em agregar valor ao produto, visando à melhoria de renda de toda a cadeia produtiva. Uma prova deste trabalho é que hoje o chocolate brasileiro tem reconhecimento internacional e o país hoje é o terceiro maior consumidor mundial do produto derivado da fruta.

Fonte: CNA

segunda-feira, 20 de julho de 2015

O cacau polêmico que pode salvar a indústria do chocolate

Por: LESLIE JOSEPHS CONNECT



Com um nome que lembra um droide de "Guerra nas Estrelas" e a reputação de ter um gosto ácido, o grão de cacau CCN 51 é um herói improvável da indústria do chocolate, que movimenta US$ 110 bilhões por ano.

Alguns fabricantes e agricultores se voltaram para o grão das árvores altamente produtivas do CCN 51 para combater a escassez iminente da produção de cacau, enquanto que outros juram que nunca o usarão.

A oferta global de cacau deve ficar aquém da demanda pela segunda temporada consecutiva. Fabricantes de doces estão aflitos à medida que o consumo cresce em países em desenvolvimento, como Brasil, China e Índia, ao mesmo tempo que a produtividade das árvores de cacau estagnou e alguns agricultores migraram para outras culturas. A Mars Inc., empresa americana que fabrica o chocolate M&M, estima que o mundo vai precisar de um milhão de toneladas adicionais de cacau em 2020, 25% a mais que hoje.

Uma solução possível: uma variedade de cacaueiro conhecida como CCN 51. Desenvolvida no Equador por um agrônomo há quase 50 anos, sua produtividade pode chegar a ser cerca de quatro vezes superior à média mundial.


Agricultura no Peru segura um cacau da variedade CCN 51 (à esq.) e outro menor (à dir.), usado na produção de chocolates finos.

A produção mundial de cacau ficou abaixo da demanda em 174.000 toneladas na safra que terminou em setembro. Este ano, a demanda deve superar a oferta em 115.000 toneladas, de acordo com a Organização Internacional do Cacau, ou OIC, à medida que os consumidores de mercados emergentes abocanham um pedaço maior da oferta mundial de cacau.

O Brasil está entre os maiores produtores de cacau do mundo e, pelas estimativas da OIC, produziu 185.000 toneladas na safra de 2012/13, menos que as 220.000 toneladas da anterior.

A organização, sediada em Londres, espera que a tendência continue por cinco anos, o que amplia a necessidade de uma variedade com alta produtividade. Na quarta-feira, o cacau para entrega em maio chegou a US$ 3.025 a tonelada na bolsa americana ICE Futures, perto do recorde dos últimos dois anos e meio, embora tenha caído 1,7% ontem.

Adotar a nova variedade nos trópicos pode soar como uma decisão fácil dada a maior produtividade. Mas o CCN 51 provoca um debate acalorado entre os "chocolatiers". Os grandes fabricantes estão incorporando as novas sementes em sua produção, mas alguns vendedores especializados dizem que o chocolate feito com esses grãos não é saboroso. Alguns confeiteiros temem que as árvores do CCN 51 acabem substituindo as variedades ricas e saborosas do cacau da Bacia do Rio Amazonas, onde o produto teve sua origem.

A Lindt & Sprüngli AG , empresa suíça que faz as trufas Lindor, afirma que não usa o CCN 51. A empresa recentemente ajudou a financiar um estudo do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos para encontrar uma forma de testar o DNA do grão de cacau e eliminar as variedades indesejadas.

"O sabor do CCN 51 [...] é insípido", diz Francisco Javier Gómez, diretor de negócios internacionais da empresa colombiana CasaLuker AS. "É para os chamados produtos de grande escala."

Para os grandes fabricantes de chocolate, aumentar a produtividade das árvores existentes é essencial para o futuro da produção do alimento. Contrariamente a outras grandes commodities como algodão ou milho, que são culturas anuais, os cacaueiros demoram ao menos quatro anos para produzir uma colheita comercialmente viável.

"O CCN é um burro de carga", diz Howard Yana Shapiro, diretor agrícola da Mars. "É um cultivo dos sonhos que se tornou realidade." Suas árvores são altamente produtivas e as sementes no interior dos seus frutos são maiores e produzem mais manteiga de cacau que a maioria das outras variedades. A manteiga de cacau é usada para dar cremosidade ao chocolate.

A Mars e a Mondelez International Inc., MDLZ -0.19% fabricante da marca Cadbury, afirmam que o grão do CCN 51 pode aparecer na manteiga de cacau usada em seus produtos. A Cargill Inc. e a suíça Barry Callebaut AG BARN.EB -0.28% , dois dos maiores processadores de cacau do mundo, informam que processam grãos do CCN 51.

Produtores equatorianos começaram a plantar o CCN 51 para valer depois que suas colheitas foram atingidas pelo mau tempo no fim dos anos 90. A produção do país dobrou nos últimos dez anos.

A hiperprodutividade peculiar do CCN 51 também é seu ponto fraco. A semente do cacau cresce dentro de frutos ovais. Quando eles são partidos ao meio, as sementes estão cobertas de polpa úmida. O que dá ao chocolate seu sabor é o processo de fermentação, quando as sementes são colocadas numa caixa por quatro a seis dias. A variedade CCN 51 produz mais sementes, mas também mais polpa. O processo de fermentação deixa o chocolate com um sabor forte demais e dá ao grão um sabor ácido e amargo.

As mudanças na indústria do cacau e do chocolate ocorrem muitas vezes em ritmos glaciais. A perspectiva do CCN 51 é um assunto delicado, principalmente na floresta amazônica, onde os produtores dizem que seus grãos têm sabores únicos e delicados. Na África, os produtores temem que uma mudança para uma única variedade, embora de alta produtividade, possa deixar a fonte de quase 70% do fornecimento de cacau do mundo suscetível a doenças.

A qualidade dos grãos CCN 51, porém, está melhorando. A fermentação foi reduzida ao longo das últimas dez colheitas. "As primeiras [colheitas] do CCN 51 tinham um sabor muito azedo e [a variedade] não era vista como uma opção viável para a fabricação de chocolate", diz Kip Walk, que está há 30 anos no setor de cacau e é diretor de sustentabilidade da Blommer Chocolate Co., sediada em Chicago, uma das maiores processadoras de cacau da América do Norte. A empresa compra grãos CCN 51 do Equador. "Esse sabor tem melhorado muito e o CCN faz parte das fórmulas de chocolate hoje," diz.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

40 anos de Independência de São Tomé: presos nas roças, presos na pobreza

SÃO TOME E PRÍNCIPE



As roças abandonadas e reutilizadas por muitas famílias em São Tomé e Príncipe ainda escondem ciclos de pobreza. Ex-colônia portuguesa celebra 40 anos de independência, a 12 de julho.



As roças abandonadas e reutilizadas por muitas famílias em São Tomé e Príncipe escondem ciclos de pobreza que se repetem de geração em geração. Longe dos centros urbanos, sem opção de emprego, refugiam-se na miséria e nas estratégias quotidianas de aliviar a fome.

Domingas Fernandes, 48 anos, e os dois filhos adolescentes enfrentam a fome todas as semanas.

“Às vezes passam dois a quatro dias sem fazer jantar em minha casa. No dia em que não se tem nada, passo fome sim”, conta, enquanto prepara um esparguete para o almoço. Massa com caldo de couve e alho, “já dá para salvar a barriga até à hora de jantar, depois logo se vê”.


Ainda há as argolas doces para ela e os filhos, quando regressarem da escola, venderem. Se não entrar dinheiro, “pedimos [comida] ao vizinho, que eu quando tenho também não escondo”.

A vida faz-se de porta aberta no bairro da Roça de São Domingos, na rampa para o antigo hospital, um bairro que foi crescendo ao gosto dos proprietários, antigos trabalhadores que ficaram com habitações e lotes de terreno – fraco consolo para quem viu a maior empresa agrícola de São Tomé e Príncipe fechar, até ficar com as infraestruturas no abandono, a cair aos bocados.

“Do meu lote de terra ainda tiro cacau e banana”, diz Domingas.

Vende nos mercados da capital, São Tomé, e também trabalha durante alguns dias da semana na cantina da polícia, onde é cozinheira há 10 anos.

A tudo isto ainda junta trabalhos domésticos, mas o dinheiro não chega para ela, para os dois filhos que com ela moram e para ajudar outras duas filhas, que vivem no edifício do antigo hospital da roça – o pai “aparece de vez em quando, mas não ajuda”, queixa-se.

Domingas Fernandes nasceu na ilha do Príncipe e deslocou-se com os pais para a Roça Agostinho Neto quando ainda era Roça do Rio do Ouro, empreendimento agrícola da era colonial portuguesa, para onde os progenitores foram trabalhar.

Ela própria começou a ajudar nos trabalhos de campo aos 10 anos: “partia cacau, fazia capinação, ajudava a abrir valas para a água e a colocar adubos” que mantinham os cacaueiros saudáveis.

“O secador [de cacau] foi a última coisa a deixar de funcionar. Ninguém mais cuidou dos cacaueiros. Ficaram velhos e hoje só lá moram ratos”, descreve – em muitos lotes, as árvores de cacau foram trocadas por milho.


Marlinda Vaz, 23 anos, uma das filhas de Domingas, escolhe os dias para levar para a capital o milho que apanha no campo e só descansa quando já despachou tudo.

“Vendo milho no mercado. É um dia a pisá-lo e outro a andar pela cidade para ter dinheiro para alimentar as minhas crianças”, duas meninas de seis e um ano.

“Podia ser mulher-a-dias, mas só o dinheiro em transportes para a cidade levava o salário” e outros empregos não há. Essa é a sua principal razão de queixa quando se lhe pergunta se a Independência valeu a pena.

Vive num sítio “tranquilo”, porque “não há guerra”, mas lança um olhar perdido no horizonte quando diz que não tem “futuro para dar para às filhas”.

“Nem dá para eu sentir que estou a viver bem”, acrescenta.

Mas não há outro plano: “os meus pais vieram, fizeram-me aqui e eu sempre vivi cá, nunca pensei em deslocar-me para nenhum lugar”.

O futuro fica-se pelo muro da antiga roça, dentro do qual Domingas Fernandes viveu os dias da Independência, tinha então oito anos, mas de que pouco se lembra.

“Lembro-me de uma altura em que vieram trocar a moeda. Mas não me lembro de mais nada”, remata, com pouca vontade em falar do assunto, concluindo que para aquilo que lhe interessa, hoje, “a vida não está fácil”.

“A fome aperta e o que é a gente vai fazer?” – diz.

Fonte: André Kosters/LUSA

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Foi criado o Conselho de Desenvolvimento do Agronegócio Cacau




Foi criado o Conselho de Desenvolvimento do Agronegócio do Cacau.
Uma das principais funções do CDAC será a de estudar e propor uma política agrícola específica para o setor cacaueiro. Além disso, o Conselho também acompanhará a execução dos programas do agronegócio do produto, proporá ações para adequar a oferta do cacau ao mercado interno e externo e atuará para a criação de comissões regionais voltadas ao desenvolvimento do setor. Após a montagem da estrutura das comissões, serão criados sistemas de análise e informação sobre a conjuntura econômica e social da atividade cacaueira.

O CDAC será formado por membros de vários ministérios e secretarias públicas, além de associações, comissões e representantes de produtores e trabalhadores da indústria cacaueira.

Fonte : Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

sábado, 4 de julho de 2015

ALERTA FITOSSANITÁRIO - MONILÍASE DO CACAUEIRO


MONILÍASE (Moniliophthora roreri) O agronegócio do cacau é um dos mais importantes para o Brasil por envolver cerca de 50.300 famílias, responsáveis pela geração de 500.000 empregos, diretos e indiretos e o país por ser um dos maiores consumidores de chocolate do mundo.

Os principais estados produtores são Bahia, Pará, Espírito Santo e Rondônia, responsáveis juntos por uma produção anual próxima de 200 mil toneladas.
A monilíase, ao contrário das outras pragas que atacam o cacaueiro, tem ação específica e direta nos frutos de cacau, portanto a percepção de perda na produção tem caráter imediato.

 O QUE É: 

A monilíase do cacaueiro é uma doença causada pelo fungo Moniliophthora roreri, praga de grande importância econômica na cultura do cacau pelo ataque direto nos frutos, causando prejuízos que variam de 50 a 100% na produção. 
De acordo com a legislação fitossanitária vigente, M. roreri é uma praga quarentenária ausente no Brasil e sua introdução pode provocar profundos desequilíbrios em ambientes agrícolas, urbanos e naturais, com reflexos econômicos, sociais e ambientais causados pelo desemprego, perda de renda no meio rural, e desmatamentos, considerando o caráter conservacionista da cultura do cacau.

Atualmente, a praga encontra-se restrita ao continente americano, estando presente em todos os países produtores de cacau da América Central, sendo a última constatação no México em 2005; e na América do Sul, no Equador e nos países fronteiriços com o Brasil: Colômbia, Peru, Venezuela e recentemente na Bolívia (2012), país que faz fronteira com o estado de Rondônia, terceiro maior produtor de cacau do Brasil .

 No Brasil, embora ainda não tenha sido constatada até o momento, apresenta-se como uma séria ameaça, pois levantamentos mais recentes constataram a praga em regiões próximas à fronteira do Brasil (Acre) com o Peru. A implantação e/ou pavimentação de rodovias interligando o Brasil com esses países (Peru, Venezuela e Colômbia) vem intensificando perigosamente o tráfego entre regiões afetadas daqueles países e regiões indenes de populações (espontâneas e/ou cultivadas) de cacau nos estados (Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima) fronteiriços do Brasil. As principais fontes do inóculo são os frutos infectados na árvore.

 A alta umidade relativa favorece a esporulação do patógeno que inicia em média uma semana após o surgimento dos sintomas, permanecendo intensa até dez semanas, quando a produção de inóculo cai para níveis insignificantes. Frutos mumificados que permanecem nas árvores de uma estação para outra, tem papel importante como fonte de inóculo inicial da praga. A disseminação dos esporos (fonte de inóculo) é realizada principalmente pelo vento, podendo as chuvas, terem um papel secundário na epidemiologia da praga. A longa distância a praga pode ser disseminada pelo transporte de frutos e veículos infectados, material vegetativo e embalagens contendo os esporos do fungo, que são viáveis em condições adversas até um período de nove meses. 

HOSPEDEIROS: 

Os únicos hospedeiros conhecidos do fungo Moniliophthora roreri estão dentro dos gêneros Theobroma e Herrania, da família Sterculiaceae (atualmente estes dois gêneros foram reclassificados dentro da família Malvaceae). 
As seguintes espécies têm mostrado susceptibilidade ao fungo seja em condições naturais ou artificiais: Theobroma augustifolium, 
Theobroma bicolor, 
Theobroma cacao, 
Theobroma grandiflorum, 
Theobroma mammosum, 
Theobroma simiarum, 
Theobroma sylvestre,  
Herrania balaensis, 
Herrania nítida, 
Herrania pulcherrima, 
Herrania purpúrea. 

SINTOMAS: 
O período de incubação do fungo é longo, variando de 40 a 90 dias, para o surgimento dos primeiros sintomas. Inicialmente são lesões irregulares de coloração marrom escura observadas nas superfícies dos frutos. Com o desenvolvimento da praga estas lesões coalescem, podendo no caso de infecções precoces, cobrirem toda a superfície do fruto (figura 2). Sobre as lesões, observa-se o desenvolvimento de um micélio de coloração branca, com grande quantidade de conídios. Após alguns dias, a coloração do micélio pode mudar para tonalidade creme, cinza ou marrom. Internamente, observa-se uma necrose generalizada das sementes, sendo a severidade deste sintoma mais acentuada quando a infecção ocorre em frutos jovens. 
As sementes necrosadas podem ficar aderidas umas às outras, dificultando sua remoção do interior dos frutos. Os sintomas da monilíase são semelhantes ao provocados pela vassoura-de-bruxa nos frutos de cacaueiro. Na ausência de esporulação de M. roreri, fica impossível uma distinção entre as duas pragas.
 CONTROLE: 
A monilíase é uma praga de difícil convivência, por não se dispor, até o momento, de técnicas eficazes para o seu controle. O manejo integrado é a forma mais eficiente de controle simultâneo das principais pragas do cacaueiro (Podridão Parda, Vassoura-de-bruxa e Monilíase): Tratos fitossanitários: remoção semanal dos frutos infectados que devem ser picados para facilitar a decomposição. Em contato com o solo, a praga tem a sobrevivência diminuída, em torno de três meses, devido à competição com outros microrganismos. 
O inóculo produzido nestes frutos, não possui a mesma eficiência de disseminação dos produzidos nos frutos infectados que permanecem na copa. Durante a estação de menor precipitação, recomenda-se remoção dos frutos infectados mumificados, que não tenham sido removidos durante o período de frutificação, a fim de diminuir o inóculo primário para o novo ciclo do fungo. A diminuição da umidade relativa no interior das plantações, através de podas das copas dos cacaueiros e das árvores de sombra, tem sido utilizada como uma forma de amenizar os efeitos da praga. 
Tratos culturais: roçagem, desbrota, poda/rebaixamento, adubação dos cacaueiros, drenagem e raleamento de árvores de sombra;

O QUE FAZER EM CASO DE SUSPEITA: A comunicação de suspeição de ocorrência de Moniliophthora roreri deverá ser feita diretamente à Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento na unidade da federação, que deverá designar um fiscal federal agropecuário para realizar coleta de amostras e envio para laboratório credenciado no MAPA.

 Fonte : MAPA

quinta-feira, 2 de julho de 2015

INTERDIÇÃO DO PORTO DE ILHÉUS


Com o lema “é preciso mudar”. Os empresários do cacau no Sul da Bahia estão tentando se organizar com o intuito de formar um grupo entre eles para interditar o Porto Internacional de Ilhéus que fica na Baia do Malhado. Haverá uma reunião no sindicato rural de Ilhéus ,dia 08 de Julho de 2015 às 9:00hs onde será traçada a estratégia para o fechamento do Porto.

O intuito do movimento se atem a fechar o porto numa manifestação pacífica e impedir descarregamento da carga de cacau importado da África.

Eles desejam abrir espaço junto ao governo para negociar e apostam na pressão por meio do fechamento do Porto. A maior dificuldade vai ser conseguir números uma vez que a grande maioria dos “Empresários do Cacau” não vive nas proximidades da zona cacaueira e sim em outras plagas. Talvez se fechassem o porto Aratu reunisse mais gente, pois lá está a maioria deles.

O grande monstro regional é o deságio tem sido uma sangria constante na economia e no bolso dos empresários. O propósito maior é despertar o governo para os problemas da região:

O Drawback do cacau é a principal queixa dos empresários do cacau, eles desejam que seja reavaliado. O grito de desabafo é “Não à importação de cacau com qualidade inferior ao que produzimos”.

A FAEB (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia) a maior de representação desses, até o momento não se manifestou, isto é um sinal de que a ideia pode não eclodir. 

segunda-feira, 29 de junho de 2015

O chocolate do futuro não irá derreter nas suas mãos

TECNOLOGIA

Uma vantagem econômica, mas que pode ser um retrocesso na qualidade do produto


Chocolates: empresas buscam criar doces que não amoleçam com alta temperatura ambiente


Graças à ciência, o chocolate do futuro não irá derreter nas suas mãos. Pesquisas atuais estão trabalhando para desenvolver chocolates que permaneçam sólidos em temperaturas mais altas do que as suportadas hoje.
“Entre cinco e dez anos, chocolates resistentes ao calor serão mais importantes do que chocolates premium”, disse um analista da Euromonitor à Bloomberg.
Empresas de alimentos já buscaram diversas maneiras de fazer essas mudanças. Um dos jeitos mais populares é modificar a gordura usada na produção. Hoje usa a própria gordura do cacau denominada de manteiga de cacau.
Essa questão se torna preocupante, afinal o ponto de fusão da manteiga do cacau pode variar dependendo da variedade e da localidade. Porém, o perigo é usarem sucedâneos. Hoje já existem vários estudos para determinação de sucedâneos da manteiga do cacau. Acredito que no futuro teremos os chocolates industriais e os chocolates finos onde cada produtor terá sua marca e sua qualidade individual.

Essa corrida por chocolates de alta temperatura envolve diversos competidores. Entre aqueles que já mostraram algum avanço está a Barry Callebaut, da Suíça.
Após anos de pesquisas, a empresa afirma ser capaz de produzir chocolates que continuam sólidos em ambientes que estejam a até 38 graus. Esse valor é cerca de quatro graus a mais do que a média atual.
Outra gigante da área que diz ter feito progressos é a Nestlé. Ela foi ainda além. Em três anos, a empresa espera ser capaz de produzir e distribuir em larga escala um chocolate que fica a até 40 graus sem amolecer.
“Desde que os chocolates começaram a surgir, empresas têm trabalhado em produtos que você pode comer onde e quando quiser, independentemente da temperatura”, disse Karen Skillicorn, chefe do departamento de chocolates da Nestlé, à Bloomberg.
Outras competidoras estão na mesma corrida, como a Mondelez (que diz ter um chocolate que aguenta até 50 graus) e a Mars Inc. (com chocolates que suportam até 38 graus).
Para essas empresas, essa é uma disputa essencial. Previsões apontam para um crescimento de 50% do mercado de chocolates até 2019 na Ásia-Pacífico, América Latina, Oriente Médio e África. Caso você não tenha notado, são todos lugares que atingem altas temperaturas.
Por outro lado, o mercado da Europa ocidental e América do Norte, deve crescer apenas 15% no mesmo período.
Quem conseguir desenvolver essa tecnologia antes, portanto, terá vantagens sobre seus competidores em uma mercado em grande expansão.



Por Victor Caputo -revista exame