terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Monilíase: A iminente ameaça ao cacau baiano

A partir dos próximos dias seja intensificada uma campanha de prevenção, principalmente na Bahia
por Alex Ferraz

Foto: Reprodução




Pesquisadores do Ministério da Agricultura, da Ceplac e alguns estrangeiros seguem estudando intensamente a monilíase .A monilíase do cacaueiro é uma doença fúngica descoberta em países do noroeste da América Latina e também da América Central, sendo constatada pela primeira vez no Equador, em 1900. Ataca somente os frutos do cacaueiro e tem como o agente causal o fungo Moniliophthora roreri, apresentando grande importância econômica, pois além de já ter provocado perdas na produção mundial de aproximadamente 30 mil toneladas, gera anualmente quedas que variam de 30 a 70% na produção da Colômbia e Venezuela, podendo comprometer também de 30 a 90% de toda a produção da América Tropical (América Central e Latina).
Embora ainda não tenha sido constatada em território brasileiro, a Monilíase do cacaueiro é encontrada em 11 países da América Tropical, sendo que alguns são fronteiriços com o Brasil como, o Peru, Colômbia e Venezuela. A doença é considerada quarentenária ausente no Brasil, e de acordo com a Legislação sanitária vigente no país “sua introdução pode provocar profundos desequilíbrios em ambientes agrícolas, urbanos e naturais, com reflexos econômicos, sociais e ambientais causados pelo desemprego, perda de renda no meio rural, e desmatamentos, considerando o caráter conservacionista da cultura do cacau” (MAPA, Marco referencial do plano de contingência para moníliase do cacaueiro).
 Uma praga iminente que ameaça seriamente os produtores de cacau da Bahia, que não faz muito tempo conseguiram ficar amenizar os efeitos de outra praga que se instalou na cacauicultura baiana a partir de 1989, a Vassoura de Bruxa (Moniliophthora perniciosa). 
Nos próximos dias, de acordo com informações do programa Bahia Rural, a Ceplac estará lançando uma cartinha orientando os produtores como prevenir a doença. 

Segundo a Ceplac, a monilíase é causada pelo fungo Moniliophthora roreri, que infecta os frutos do cacaueiro em qualquer estado de desenvolvimento, principalmente aqueles com até 90 dias. “O patógeno não ataca a parte aérea da planta como acontece com a vassoura-de-bruxa, mas seus danos econômicos variam entre países e regiões onde existe, já que fatores climáticos favorecem sua dispersão nas regiões mais quentes e úmidas, quando completa o ciclo com rapidez. Um fruto infectado pode produzir sete bilhões de esporos. O vento é o principal vetor de disseminação.”

Os pesquisadores indicam que o fungo Moniliophthora roreri já está presente na Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, além de países da América Central, e surge como ameaça de introdução da doença no Brasil. O risco de disseminação é grande, pois, como são esporos, podem ser trazidos até mesmo presos em roupas, calçados ou mesmo na pele de pessoas que tenha tido contato com cacaueiros infectados.

Na verdade, o trabalho de prevenção à moníliase do cacaueiro foi iniciado na Ceplac desde 2007, com várias ações através de cursos e visitas técnicas. No entanto, prevê-se que já a partir dos próximos dias seja intensificada uma campanha de prevenção, principalmente na Bahia.

MAIOR AMEAÇA
Na Classificação do Ministério da Agricultura, a monilíase é a maior ameaça à cacauicultura nacional, e tem “alto risco” de infectar a produção brasileira do fruto. A doença é considerada mais devastadora do que a vassoura-de-bruxa e que avança a uma média de 100 quilômetros por ano.

“O risco de entrada da doença é alto, principalmente pela região Norte. Por isso, estamos desenvolvendo planos de contingência, monitorando as fronteiras e preparando os produtores para cuidar de possíveis infecções”, explicam técnicos do departamento de sanidade vegetal do Ministério da Agricultura.

A doença já está instalada fortemente no Peru (mais de 80% das plantações de cacau estão infectadas) e, em menor quantidade, na Colômbia e na Venezuela, todos eles vizinhos do Brasil. Outros países latino-americanos que não fazem fronteira e possuem forte incidência da monilíase são Equador, México, Costa Rica, Panamá, Nicarágua e Honduras.

Lesão no fruto
A monilíase tem traços semelhantes à vassoura-de-bruxa: ambas são causadas por fungos e apresentam, no estágio inicial, lesões escuras na superfície do fruto, que depois evoluem para manchas esbranquiçadas e deixam o cacau ressecado, duro e pesado. Para ser identificada com exatidão, é necessário fazer um corte na superfície do fruto e aguardar cerca de três dias, quando o fungo causador sairá através do corte e, então, será possível ser analisado em laboratório.

Adaptado para o blog "cacau do Brasil".

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