sábado, 4 de julho de 2015

ALERTA FITOSSANITÁRIO - MONILÍASE DO CACAUEIRO


MONILÍASE (Moniliophthora roreri) O agronegócio do cacau é um dos mais importantes para o Brasil por envolver cerca de 50.300 famílias, responsáveis pela geração de 500.000 empregos, diretos e indiretos e o país por ser um dos maiores consumidores de chocolate do mundo.

Os principais estados produtores são Bahia, Pará, Espírito Santo e Rondônia, responsáveis juntos por uma produção anual próxima de 200 mil toneladas.
A monilíase, ao contrário das outras pragas que atacam o cacaueiro, tem ação específica e direta nos frutos de cacau, portanto a percepção de perda na produção tem caráter imediato.

 O QUE É: 

A monilíase do cacaueiro é uma doença causada pelo fungo Moniliophthora roreri, praga de grande importância econômica na cultura do cacau pelo ataque direto nos frutos, causando prejuízos que variam de 50 a 100% na produção. 
De acordo com a legislação fitossanitária vigente, M. roreri é uma praga quarentenária ausente no Brasil e sua introdução pode provocar profundos desequilíbrios em ambientes agrícolas, urbanos e naturais, com reflexos econômicos, sociais e ambientais causados pelo desemprego, perda de renda no meio rural, e desmatamentos, considerando o caráter conservacionista da cultura do cacau.

Atualmente, a praga encontra-se restrita ao continente americano, estando presente em todos os países produtores de cacau da América Central, sendo a última constatação no México em 2005; e na América do Sul, no Equador e nos países fronteiriços com o Brasil: Colômbia, Peru, Venezuela e recentemente na Bolívia (2012), país que faz fronteira com o estado de Rondônia, terceiro maior produtor de cacau do Brasil .

 No Brasil, embora ainda não tenha sido constatada até o momento, apresenta-se como uma séria ameaça, pois levantamentos mais recentes constataram a praga em regiões próximas à fronteira do Brasil (Acre) com o Peru. A implantação e/ou pavimentação de rodovias interligando o Brasil com esses países (Peru, Venezuela e Colômbia) vem intensificando perigosamente o tráfego entre regiões afetadas daqueles países e regiões indenes de populações (espontâneas e/ou cultivadas) de cacau nos estados (Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima) fronteiriços do Brasil. As principais fontes do inóculo são os frutos infectados na árvore.

 A alta umidade relativa favorece a esporulação do patógeno que inicia em média uma semana após o surgimento dos sintomas, permanecendo intensa até dez semanas, quando a produção de inóculo cai para níveis insignificantes. Frutos mumificados que permanecem nas árvores de uma estação para outra, tem papel importante como fonte de inóculo inicial da praga. A disseminação dos esporos (fonte de inóculo) é realizada principalmente pelo vento, podendo as chuvas, terem um papel secundário na epidemiologia da praga. A longa distância a praga pode ser disseminada pelo transporte de frutos e veículos infectados, material vegetativo e embalagens contendo os esporos do fungo, que são viáveis em condições adversas até um período de nove meses. 

HOSPEDEIROS: 

Os únicos hospedeiros conhecidos do fungo Moniliophthora roreri estão dentro dos gêneros Theobroma e Herrania, da família Sterculiaceae (atualmente estes dois gêneros foram reclassificados dentro da família Malvaceae). 
As seguintes espécies têm mostrado susceptibilidade ao fungo seja em condições naturais ou artificiais: Theobroma augustifolium, 
Theobroma bicolor, 
Theobroma cacao, 
Theobroma grandiflorum, 
Theobroma mammosum, 
Theobroma simiarum, 
Theobroma sylvestre,  
Herrania balaensis, 
Herrania nítida, 
Herrania pulcherrima, 
Herrania purpúrea. 

SINTOMAS: 
O período de incubação do fungo é longo, variando de 40 a 90 dias, para o surgimento dos primeiros sintomas. Inicialmente são lesões irregulares de coloração marrom escura observadas nas superfícies dos frutos. Com o desenvolvimento da praga estas lesões coalescem, podendo no caso de infecções precoces, cobrirem toda a superfície do fruto (figura 2). Sobre as lesões, observa-se o desenvolvimento de um micélio de coloração branca, com grande quantidade de conídios. Após alguns dias, a coloração do micélio pode mudar para tonalidade creme, cinza ou marrom. Internamente, observa-se uma necrose generalizada das sementes, sendo a severidade deste sintoma mais acentuada quando a infecção ocorre em frutos jovens. 
As sementes necrosadas podem ficar aderidas umas às outras, dificultando sua remoção do interior dos frutos. Os sintomas da monilíase são semelhantes ao provocados pela vassoura-de-bruxa nos frutos de cacaueiro. Na ausência de esporulação de M. roreri, fica impossível uma distinção entre as duas pragas.
 CONTROLE: 
A monilíase é uma praga de difícil convivência, por não se dispor, até o momento, de técnicas eficazes para o seu controle. O manejo integrado é a forma mais eficiente de controle simultâneo das principais pragas do cacaueiro (Podridão Parda, Vassoura-de-bruxa e Monilíase): Tratos fitossanitários: remoção semanal dos frutos infectados que devem ser picados para facilitar a decomposição. Em contato com o solo, a praga tem a sobrevivência diminuída, em torno de três meses, devido à competição com outros microrganismos. 
O inóculo produzido nestes frutos, não possui a mesma eficiência de disseminação dos produzidos nos frutos infectados que permanecem na copa. Durante a estação de menor precipitação, recomenda-se remoção dos frutos infectados mumificados, que não tenham sido removidos durante o período de frutificação, a fim de diminuir o inóculo primário para o novo ciclo do fungo. A diminuição da umidade relativa no interior das plantações, através de podas das copas dos cacaueiros e das árvores de sombra, tem sido utilizada como uma forma de amenizar os efeitos da praga. 
Tratos culturais: roçagem, desbrota, poda/rebaixamento, adubação dos cacaueiros, drenagem e raleamento de árvores de sombra;

O QUE FAZER EM CASO DE SUSPEITA: A comunicação de suspeição de ocorrência de Moniliophthora roreri deverá ser feita diretamente à Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento na unidade da federação, que deverá designar um fiscal federal agropecuário para realizar coleta de amostras e envio para laboratório credenciado no MAPA.

 Fonte : MAPA

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