quinta-feira, 30 de julho de 2015

Indústria pede a retomada da importação de cacau da Costa do Marfim


BRASÍLIA - A Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) criticou o pedido da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) para que o Ministério da Agricultura revise a análise de risco de pragas do cacau importado de países africanos como Costa do Marfim, Gana e Camarões, líderes mundiais da produção global da amêndoa. 

O presidente da AIPC, Walter Tegani, afirma que a análise de risco foi concluída no ano passado pelo Departamento de Sanidade Vegetal do ministério e que, desde então, está comprovado que a Costa do Marfim cumpriu as exigências fitossanitárias feitas pelo governo brasileiro. 

A indústria de processamento de cacau instalada no país pede há três anos que o ministério retire o bloqueio imposto às importações de cacau de Costa do Marfim por conta da descoberta de uma carga infestada de insetos no Porto de Ilhéus, na Bahia, em 2012. "Não há nenhuma fundamentação técnica para sustentar a manutenção da proibição", afirmou Tegani. "Foi uma surpresa para nós esse pedido da CNA. 

Depois de todos os esclarecimentos feitos ao ministério, temos plena convicção de que há um movimento dos produtores de cacau da Bahia para evitar a concorrência com a amêndoa do país africano", concluiu. O executivo pondera que, neste momento, as importações brasileiras de cacau estão em baixa - recuaram 9% no primeiro semestre deste ano ante o mesmo intervalo de 2014 - e, portanto, a indústria nacional não deve fechar novas compras de cacau africano neste segundo semestre.

 No entanto, avisa que a continuidade desse imbróglio pode culminar em um conflito diplomático, uma vez que a Costa do Marfim tem manifestado interesse em abrir um contencioso na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o Brasil.

 Em relatório de missão à Costa do Marfim, em 27 de fevereiro de 2013, ao qual o Jornal  Valor Econômico  teve acesso, os fiscais federais agropecuários brasileiros Carlos Artur Franz e Jefé Leão Ribeiro avaliaram que são favoráveis as condições para a retomada das importações de cacau do país africano. "Sob o ponto de vista de segurança fitossanitária e confiabilidade na certificação fitossanitária realizada pela Costa do Marfim, concluímos que oferecem as condições necessárias para admissão pelo Brasil, não havendo óbices técnicos para a retomada das importações de amêndoas de cacau de origem daquele país, desde que a fiscalização no ponto de ingresso no Brasil seja efetiva, conforme prevista nas normativas em vigor", diz o relatório. 

Fonte: Valor

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