O cacau é uma das cadeias produtivas indicadas para receber financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
O cacau é uma das cadeias produtivas indicadas para receber financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) que vai reunir técnicos da instituição e produtores em Belém, no dia 22 de junho, para discutir o repasse de recursos. Goiás e Tocantins também serão beneficiados pelo banco, que vai investir em quatro setores da economia de cada Estado. No Pará, além do cacau, receberão financiamento o dendê, açaí e floresta plantada. A intenção do BID é alavancar as cadeias produtivas que propiciam maiores condições de exportação de produtos.
Os produtores de cacau manifestaram preocupação com os problemas que dificultam o crescimento da cacauicultura no Brasil, durante a primeira reunião deste ano da Câmara Setorial do Cacau, em Belém. O encontro foi na Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), na terça-feira, 27.
Uma das maiores preocupações dos cacauicultores é o controle mais efetivo da “vassoura de bruxa”, doença que vem causando perdas nas lavouras. “O Pará produziu 100 mil toneladas em 2014, neste ano poderíamos chegar a 215 mil, mas a previsão é de apenas 205 mil toneladas, por causa da doença”, informou Raimundo Melo, da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac).
O Governo do Estado e a Ceplac priorizam recursos do Fundo de Desenvolvimento da Cacauicultura (Funcacau) para a capacitação de mão de obra. “O problema é que grande parte dos trabalhadores rurais que já estavam capacitados migrou para as obras da usina de Belo Monte, em Altamira, e os que entraram não têm a qualificação necessária para lidar com a lavoura do cacau”, alertou Luiz Pinto, diretor da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap).
Evitar a entrada da monilíase, outra doença do cacau presente nas plantações de países vizinhos como a Colômbia e Peru, é mais uma preocupação. Uma equipe de 20 técnicos da Ceplac e Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará) vai ao Peru aprender a identificar a monília. É uma ação preventiva para reforçar a fiscalização antes que a doença entre no Brasil.
A limitação da oferta de cacau reduz a capacidade de processamento das indústrias, enquanto outros países crescem na oferta de derivados. “O pique máximo da moagem foi registrado em 2007, de lá prá cá vem caindo e não há previsão de crescimento neste ano”, lamentou o presidente da Associação das Indústrias de Processamento de Cacau (AIPC), Walter Tegani.
A Câmara Setorial manifestou apoio ao projeto de lei da senadora Lídice da Mata (PSB-BA), que determina o percentual mínimo de 35% de cacau na formulação do chocolate. “Para isso o Brasil precisa retomar o crescimento da produção cacaueira porque a indústria não pode depender de importação”, informou Tegani.
Festival
A secretária adjunta da Sedap, Eliana Zacca, anunciou que a data do Festival Internacional de Chocolate e Cacau da Amazônia, que é realizado junto com o Flor Pará, será de 17 a 20 de setembro e que a partir deste ano será sempre nesse mês, por causa da safra do cacau. No tema do evento, a gastronomia vai formar a trilogia da sedução, com as flores e chocolate. A programação técnica de cursos e palestras do festival começa a ser elaborada no início de junho.
Um produtor de cacau de Tucumã e outro de Medicilândia vão integrar a delegação paraense que vai ao Festival do Chocolate de Ilhéus, na Bahia, de 11 a 14 de junho. Eles vão participar do concurso de melhor amêndoa. Eliana Zacca informou que produtores do Pará serão capacitados para participar em eventos nacionais e internacionais, como o Salão do Chocolate de Paris, na França, que vai acontecer em novembro.
Por Leni Sampaio
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