segunda-feira, 29 de junho de 2015

O chocolate do futuro não irá derreter nas suas mãos

TECNOLOGIA

Uma vantagem econômica, mas que pode ser um retrocesso na qualidade do produto


Chocolates: empresas buscam criar doces que não amoleçam com alta temperatura ambiente


Graças à ciência, o chocolate do futuro não irá derreter nas suas mãos. Pesquisas atuais estão trabalhando para desenvolver chocolates que permaneçam sólidos em temperaturas mais altas do que as suportadas hoje.
“Entre cinco e dez anos, chocolates resistentes ao calor serão mais importantes do que chocolates premium”, disse um analista da Euromonitor à Bloomberg.
Empresas de alimentos já buscaram diversas maneiras de fazer essas mudanças. Um dos jeitos mais populares é modificar a gordura usada na produção. Hoje usa a própria gordura do cacau denominada de manteiga de cacau.
Essa questão se torna preocupante, afinal o ponto de fusão da manteiga do cacau pode variar dependendo da variedade e da localidade. Porém, o perigo é usarem sucedâneos. Hoje já existem vários estudos para determinação de sucedâneos da manteiga do cacau. Acredito que no futuro teremos os chocolates industriais e os chocolates finos onde cada produtor terá sua marca e sua qualidade individual.

Essa corrida por chocolates de alta temperatura envolve diversos competidores. Entre aqueles que já mostraram algum avanço está a Barry Callebaut, da Suíça.
Após anos de pesquisas, a empresa afirma ser capaz de produzir chocolates que continuam sólidos em ambientes que estejam a até 38 graus. Esse valor é cerca de quatro graus a mais do que a média atual.
Outra gigante da área que diz ter feito progressos é a Nestlé. Ela foi ainda além. Em três anos, a empresa espera ser capaz de produzir e distribuir em larga escala um chocolate que fica a até 40 graus sem amolecer.
“Desde que os chocolates começaram a surgir, empresas têm trabalhado em produtos que você pode comer onde e quando quiser, independentemente da temperatura”, disse Karen Skillicorn, chefe do departamento de chocolates da Nestlé, à Bloomberg.
Outras competidoras estão na mesma corrida, como a Mondelez (que diz ter um chocolate que aguenta até 50 graus) e a Mars Inc. (com chocolates que suportam até 38 graus).
Para essas empresas, essa é uma disputa essencial. Previsões apontam para um crescimento de 50% do mercado de chocolates até 2019 na Ásia-Pacífico, América Latina, Oriente Médio e África. Caso você não tenha notado, são todos lugares que atingem altas temperaturas.
Por outro lado, o mercado da Europa ocidental e América do Norte, deve crescer apenas 15% no mesmo período.
Quem conseguir desenvolver essa tecnologia antes, portanto, terá vantagens sobre seus competidores em uma mercado em grande expansão.



Por Victor Caputo -revista exame


sábado, 27 de junho de 2015

A língua comum do cacau, além da fronteira do Brasil

Quando se falava na variedade de cacau chamada crioulo, quase sempre se pensava na Venezuela e na Colômbia, mas tudo muda na América Latina


Uma plantação de cacau na Indonésia. / REUTERS
Existem basicamente três variedades de cacaueiro: forasteiros, trinitários e crioulos. 


Os primeiros respondem pela maior parte da produção mundial, concentrada essencialmente na África. São cacaueiros rústicos e muito produtivos. Entre eles há algumas variedades realmente atraentes, como o cacau nacional fino de aroma, produzido no Equador. A exuberância produtiva do forasteiro contrasta com a mesquinhez do crioulo. Pouco produtivo e muito sensível a pragas, exige atenção graças ao seu incrível potencial aromático. Nessa categoria estão as maiores estrelas do cacaual venezuelano, o chuao, o choroní e, especialmente, o porcelana, a mítica variedade cultivada no sul de Maracaibo.

Depois vem o trinitário, resultado do cruzamento de ambos. Meio forasteiro, meio crioulo, abre a porta a uma série de híbridos que colonizaram grande parte das plantações de cacau do continente. Especialmente em áreas emergentes como Peru, Bolívia e Equador, onde um híbrido alongado de cor vermelha, chamado CCN 51, impôs sua presença. Suas vantagens são a maior produtividade e a rapidez com que entra em produção. Motivos suficientes para estar no topo das preferências de muitos novos produtores. Também no caso de países como o Peru, que utilizam o cacaueiro como arma para substituir e erradicar as plantações de cacau.

Até recentemente, quando se falava de cacaueiros crioulos, quase todos os olhares se voltavam para o norte da região amazônica, representada por Venezuela e Colômbia. Depois, avançando para o Panamá por meio das plantações de Bocas del Toro, perto da fronteira com a Costa Rica, que também participa do festival, Honduras, Nicarágua e as florestas do sul do México. Tabasco, Oaxaca, Guerrero e Chiapas concentram a produção do país que deu origem ao chocolate. República Dominicana, Jamaica e Trinidad e Tobago são outras referências a ter em conta.

Tudo muda rapidamente nessa América Latina que parece avançar à base de convulsões. Por um lado, a atual situação da Venezuela provocou algumas mudanças. Embora sua produção represente apenas 3,5% das plantações de cacau do continente, o país fornecia as referências mais bem cotadas até que os obstáculos à circulação de capitais e mercadorias e o abandono da produção em muitos lugares resultou em mais de um paradoxo, como o de ver qualquer grande produtor venezuelano importar cacau do Equador.

O Peru escala posições no ranking dos produtores superando o México em hectares plantados

E também há o surgimento do Peru no panorama cacaueiro. O país escala posições no ranking dos produtores, superando o México em hectares plantados. É o resultado da luta contra a coca de 15 anos para cá: o cacau no lugar da folha de coca. Em meio a esse processo, alguns fatos singulares acontecem. A maioria se refere à irrupção da variedade crioulo nos cacauais locais. Trata-se, para começar, do surgimento do cacau branco em Piura e Tumbes, as regiões mais ao norte. Com esse nome se identifica o cacau porcelana implantado na área, ponto de partida de chocolates de grande fineza e delicadeza aromática. Não menos notável é a revelação do Fortunato número 4. Os técnicos dizem que é um cacau forasteiro. Há cerca de sete anos apareceram duas árvores na propriedade de Faustino Colala, em Jaén (departamento de Amazonas), que foram identificadas como as únicas sobreviventes do Nacional, a grande estrela dos cacauais equatorianos, declarado extinto no início do século XX. A enorme elegância faz dele um dos cacaus mais valorizados do momento.

Finalmente, existem os cacaus nativos que vão abandonando as profundezas da floresta, onde permaneceram escondidos durante séculos, para mostrar todo o seu esplendor. O chuncho replantado em Concepción, na parte da floresta amazônica mais próxima de Cuzco, é o mais relevante. Pequeno, arredondado, de casca fina e muito frágil, é uma das estrelas em ascensão do cacaual peruano. Muitos outros esperam ser descobertos e estão vindo à luz com o trabalho das comunidades nativas que habitam as fronteiras da Amazônia. Ashaninkas, shipivos, machiguengas, notmachiguengas, awajunes, wapis e lamistas, entre outros povos, concentram boa parte de seu trabalho nessas novas variedades crioulas. O mesmo acontece na Bolívia com os takana e a comunidade nativa de Pueblo Leco de Larecaja.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Previsão de safra de cacau do Equador cai para 230.000 toneladas depois de estragos causados por chuvas

 


O Equador, o maior produtor das sementes aromáticas utilizadas para fabricar chocolates finos, provavelmente vai perder cerca de 15 por cento da safra de cacau deste ano depois que fortes chuvas prejudicaram as fazendas na região litorânea do país andino, disse a Associação Nacional de Exportadores de Cacau.

A Anecacao, como a associação é conhecida, diminuiu para cerca de 230.000 toneladas sua projeção para 2015, frente à estimativa de 260.000 toneladas a 280.000 toneladas feita em janeiro, disse Iván Ontaneda, presidente da organização, em entrevista por telefone, de Guayaquil, na quarta-feira. Chuvas mais fortes que o normal desde abril têm prejudicado a colheita de meados do ano e estão estragando as flores das árvores que deveriam dar fruto a partir de setembro, disse ele.

O mal tempo no Equador se soma a problemas na África Ocidental, onde enchentes na Costa do Marfim e em Gana, os maiores produtores de cacau do mundo, estão bloqueando estradas e deixando que as vagens de cacau apodreçam nas árvores.

"Estamos preocupados com o clima", disse Ontaneda, que também é CEO da exportadora de cacau Eco-Kakao SA, com sede em Guayaquil. "No momento, devido às chuvas que tivemos, muitas flores caíram dos cacaueiros, o que significa que a colheita principal também sofrerá uma importante redução".

Cerca de 30 por cento a 40 por cento das safras na província equatoriana El Oro, no litoral do país, estão afetadas, disse Ontaneda. Na província de Los Ríos, cerca de 15 por cento a 20 por cento dos cacaueiros estão estragados e, na província de Esmeraldas, no norte do país, até 20 por cento da colheita foi prejudicada, disse ele. A principal colheita do Equador começa em setembro e dura até março.

El Niño
Os cacauicultores, que produziram cerca de 245.000 toneladas dos grãos no ano passado, continuam monitorando o padrão climático El Niño e estão se preparando para um impacto de moderado a severo, disse Ontaneda. O Equador exporta cerca de 95 por cento do cacau que produz, disse ele.

El Niño tem o potencial para afetar o clima e as safras do mundo inteiro ao cozinhar partes da Ásia, derramar chuvas em toda a América do Sul e levar verões mais frios para a América do Norte.

Os índices de temperaturas da superfície do mar para as regiões central e oriental do Oceano Pacífico tropical estão mais de um grau Celsius acima da média há seis semanas, segundo a Secretaria de Meteorologia da Austrália. Modelos mostraram que a região central do Pacífico esquentará mais nos próximos meses, segundo a Secretaria.

domingo, 21 de junho de 2015

Projeto integra produção de cacau com criação de pirarucu, em RO


Sistema utiliza a água de peixes como fonte de proteína para plantas.
São 500 pés da fruta irrigados com 4 mil litros de água dos tanques.

Ciclo no tanque onde vivem os pirarucus é de quatro mil litros diários que vêm de uma nascente (Foto: Pâmela Fernandes/G1)


Uma produção pioneira tem mostrado um novo modo de produção de cacau, em Ouro Preto do Oeste (RO), cidade distante cerca de 340 quilômetros da capital Porto Velho. O "Piracau" é uma produção integrada de pirarucus e cacau, em um sistema agroflorestal. O grande diferencial é a utilização da água do tanque dos peixes como a fonte diária de proteína e adubação para as árvores.


"A ração é rica em proteínas e, consequentemente, os dejetos dos peixes tornam a água muito rica em nutrientes", explica o empresário Antonio Euzeminio de Almeida. O tanque de lona comporta 20 mil litros de água e hoje tem 16 pirarucus, com cerca de 13 quilos cada. Cerca de quatro mil litros de água, que vêm direto de uma nascente, passam diariamente pelo tanque. De lá, a água é bombeada até a plantação.


Cerca de 500 pés de cacau são alimentados com
nutrientes da água (Foto: Pâmela Fernandes/G1)


Seis toneladas de composto orgânico foram utlizadas em um hectare do projeto, para plantar 500 mudas. Desse total, 300 eram clones e 200 sementes. Há pouco menos de um ano e meio, as mudas já começam a produzir seus primeiros frutos e se mostram resistentes a doenças comuns a esse tipo de produção, como por exemplo, a vassoura de bruxa.


De acordo com Euzeminio, o investimento gira em torno de R$10 mil. Para o empresário, o valor é equivalente ao necessário para outros métodos, mais tradicionais e menos ecológicos.


Além dos pés de cacau, outras plantações também estão recebendo da mesma água. "A ideia não é ter um plantio específico de apenas uma coisa em uma área. A ideia do Piracau é a parceria, onde tem tudo no mesmo local e cada ser ajuda o outro, seja com sombra, nutrientes, fertilização", explica o proprietário.


Sustentabilidade
O projeto acontece em parceria com a Cooperativa de Produtores Rurais do Desenvolvimento Sustentável (Coopervida) e a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). A ideia surgiu há três anos, durante um encontro ecológico com estudantes.


Por ser um projeto agroecológico, não há queima no processo de limpeza, nem utilização de qualquer tipo de veneno. Contra os insetos utilizam-se repelentes naturais.

Pouco menos de um ano e meio de plantação e os
cacaueiros começam a produzir
(Foto: Pâmela Fernandes/G1)

A Coopervida foi a responsável pela preparação do solo, com adubo orgânico. Tiago de Carvalho, presidente da cooperativa, que explora todas as formas de trabalho para integrar a agroecologia, agricultura orgânica e desenvolvimento sustentável. "Uma vez que a população visa qualidade de vida, é possível produzir agroecologicamente, com qualidade e levar às mesas das família alimentos com o mínimo de agrotóxicos ou sem agrotóxicos", afirma.


O chefe do Centro de Extensão (Cenex) da Ceplac, Alberto Quintans, afirma que as mudas de plantas clonadas de grande produção foram plantadas no início de 2014. "Essa integração entre cacau e pirarucu acontece com mudas desenvolvidas em Rondônia. Aqui também utilizamos como um jardim clonal para, em um futuro próximo, propagar e distribuir para a sociedade", afirma.

Por : Pâmela Fernandes / adaptado para o photossintese

sábado, 20 de junho de 2015

Como empreendedores estão ajudando a recuperar o cacau brasileiro

O que tem sido feito para estimular novos negócios e colocar o Brasil de vez no mapa dos principais produtores de cacau e chocolate do mundo



Raimundo Camelo Mororó, um dos maiores especialistas brasileiros em chocolate e sócio gerente da fábrica Mendoá (Foto: Divulgação/Ana Lee)


Não é difícil adivinhar, andando pelas estradas de Ilhéus, qual é a indústria mais forte da região. O cheiro de chocolate, que vem direto das amêndoas do cacau, invade mesmo os veículos com janelas fechadas. Grandes empresas, como a multinacional franco-belga Barry Callebaut, maior fabricante de chocolate do mundo, mantém fábricas na região.

Durante quase cinco séculos, o cacau era considerado o ouro branco da Bahia. A partir de 1920, os coronéis comandavam com mãos de ferro as plantações e a fruta, à época, não fazia parte da alimentação da população de Ilhéus: era valiosa demais para ser consumida pelos trabalhadores.


Em 1989, um fungo chamado vassoura-de-bruxa destruiu praticamente 90% das plantações em questão de poucos anos. Para se ter uma ideia, a colheita diminuiu de 400 mil toneladas em 1988 para menos de 100 mil em 2000. E Ilhéus, que vivia do cacau desde 1820, com quase US$ 1 bilhão em exportações nos anos 1970, viu as fortunas ruírem com a praga que consumia o fruto.


Durante este período, as terras foram subutilizadas e muitas famílias abandonaram a região. A cidade, que foi construída graças à cultura cacaueira, precisou recomeçar. O primeiro passo foi entender a doença e desenvolver alternativas.


Hoje, as plantações não estão livres do fungo, mas a infestação foi controlada. Os esforços da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), de estudo de solos e espécies, e do Instituto Biofábrica de Cacau, na clonagem de mudas, foram essenciais. “O Ceplac desenvolve pesquisas em colaboração com outros países que têm a doença, a ponto de já conhecermos variedades de cacau resistentes. Hoje, estamos mais preparados para enfrentar futuras crises do que há 20 anos”, afirma José Marques Pereira, chefe técnico do Centro de Pesquisa do Cacau.


Como o cacau leva até oito anos para voltar a dar frutos, a recuperação demorou. Foi só em 2007 que os primeiros sinais de plantações saudáveis começaram a render produtos melhores. O foco, no entanto, mudou. Até então, o cacau brasileiro tinha baixa qualidade e ganhava mercado pelo preço. Agora, pequenos produtores estão investindo não só nas plantações, mas na fabricação do próprio chocolate.


Novo panorama


Chloe Doutre-Roussel, consultora e uma das maiores autoridades do mundo em chocolate (Foto: Divulgação/Ana Lee)


Atualmente, o cacau movimenta R$ 12 bilhões no país, que ocupa a quinta posição entre os produtores da fruta e é o terceiro maior mercado consumidor de chocolate do mundo. O plano é transformar Ilhéus na “Champanhe do chocolate”, contando inclusive com um certificado de Denominação de Origem – que ainda está em análise.


“Os nanoprodutores estão começando a incomodar os gigantes de cacau. Se tivermos a ousadia que eles estão tendo, podemos ser a Champanhe do chocolate”, diz Henrique Almeida, diretor do Instituto Biofábrica de Cacau e proprietário da marca Fazenda Sagarana, durante a abertura da sétima edição do Festival Internacional de Chocolate e Cacau, em Ilhéus.


Depois da praga, boa parte das plantações virou pasto e hoje 80% dos produtores tem menos de 100 hectares. Segundo Henrique, seriam necessários 75 milhões de mudas para voltar a preencher as plantações.


Para valorizar o chocolate nacional, os produtores estão defendendo projetos que facilitem o plantio, já que muitas áreas estão inativas e a Mata Atlântica não pode ser afetada. Além disso, torcem pela aprovação da proposta de lei da senadora Lídice da Mata (PSB/BA), que diz que só produtos com no mínimo 35% de cacau podem ser considerados chocolate. “Faz muitos anos que produtores da Bahia estão fazendo um trabalho de qualidade na manutenção da fazenda, na secagem e no tostado, e conseguindo um cacau de boa qualidade. É um movimento que agora está muito forte. Todo o trabalho que fizeram nos últimos sete anos está trazendo mais frutos”, diz Chloe Doutre-Roussel, consultora, uma das maiores autoridades do mundo em chocolate e autora do livro The Chocolate Connoisseur.


Chloe é uma das mentoras do projeto da Fazenda Riachuelo para a criação da fábrica de chocolates Mendoá. “Aqui, como muitos, estamos nesta tentativa de mudança. Começamos em 2007 para tentar mudar a ideia de que o Brasil não faz chocolate de qualidade. Hoje já temos tecnologia e processos que fazem um bom chocolate”, afirma Leandro Almeida, diretor da Mendoá Chocolates.


Pesquisa para o chocolate perfeito


A produção de chocolates nasceu quase sem querer. A ideia era testar as amêndoas para conseguir o chamado “cacau fino”. “Montamos um centro de pesquisa dentro da fazenda para apoiar e desenvolver os melhores frutos e processamentos e tentar vender uma amêndoa com valor diferenciado, saindo da commodity. Montamos uma pequena fábrica experimental e, depois de desenvolvido esse chocolate, resolvemos mudar e realmente lançar a marca”, diz Leandro.


Amêndoas de chocolate em análise no laboratório (Foto: Divulgação/Ana Lee)


No laboratório, as amêndoas são analisadas e catalogadas. Para cada saca, os pesquisadores tiram uma amostra de 300 nozes para avaliar aroma, sabor e aspecto visual. As que forem reprovadas não podem ser utilizadas na produção e vão para o mercado, compradas geralmente por grandes companhias como a Barry Callebaut e a Cargill.


A fábrica, a cerca de 50 quilômetros de Ilhéus, é comandada por Raimundo Camelo Mororó, um dos maiores especialistas brasileiros em chocolate e sócio gerente da empresa. Hoje, 5% das 60 mil arrobas de amêndoas secas são usadas no chocolate próprio e a fábrica, com 16 funcionários, tem capacidade para produzir 300 quilos por dia. “Começamos em 2007 para produzir cacau fino e como evolução passamos a fazer chocolate. Se não tivermos conhecimento da variedade do cacau, do procedimento de colheita e da tecnologia, não conseguimos fazer um bom chocolate”, diz Mororó. “A expectativa nossa é que o cacau fino seja 20% da fazenda. Estamos trabalhando no campo, melhorando desde a semente e o plantio para fazer esse cacau diferenciado”, afirma Leandro.


Leandro Almeida, da Mendoá Chocolates (Foto: Divulgação/Ana Lee)


A Mendoá agora se prepara para ganhar o varejo. “A partir deste ano, teremos pontos de venda próprios. A expectativa é lançar em São Paulo ao menos uma loja e um quiosque. Essas lojas serão já um teste para franquear. Acreditamos na expansão com franquias”, diz Almeida. Hoje, os doces já estão disponíveis em vários estados, geralmente em empórios e mercados como o Eataly.


Segundo ele, o grande desafio dos empreendedores do ramo é ganhar o consumidor. “É uma quebra de paradigma muito grande: o chocolate brasileiro nunca foi de qualidade, não tinha essa percepção. O que a gente está tentando demonstrar é que, além de cacau, a gente pode fazer um grande chocolate”, diz Leandro. Hoje, a fábrica fatura cerca de R$ 2,4 milhões ao ano.


Para sair da crise, o empresário e produtor Henrique Almeida também escolheu o chocolate. Criada em 2012 a partir de cacau maranhão, a marca Sagarana comercializa hoje de 100 a 150 quilos de chocolate ao mês. Como a maioria dos pequenos produtores, Henrique acredita que o crescimento é lento. “Ganhar o mercado é o grande nó que a gente tem que desatar, mas acho que a gente tem conquistado, sim. Eu tenho uma preocupação que é o mercado ser enganado. Embalagem bonita não é chocolate premium. Chocolate premium é aquele que pega a amêndoa, cada um com sua especificidade, com seu tempo de secagem, seu terroir [expressão usada para a influência do solo no plantio]. É como a uva e o café”, diz Henrique.


Henrique Almeida, dono do chocolate Fazenda Sagarana e diretor do Instituto Biofábrica de Cacau (Foto: Divulgação/Ana Lee)


Estrada do chocolate

Com poucas fazendas conservadas, os produtores apostam em projetos turísticos para atrair os consumidores. O governo baiano e a Associação do Turismo de Ilhéus (Atil) assinaram um protocolo para implantação da Estrada do Cacau e do Chocolate, na rodovia Ilhéus-Uruçuca. Segundo Marco Lessa, empresário e organizador do festival, existem mais de 20 fazendas de cacau na região, sendo cinco prontas para visitação. “São cerca de 40 quilômetros de estrada, com Mata Atlântica preservada, que representa muito para a história da região”, diz Lessa.


Uma das atrações é ficar hospedado nas antigas fazendas de cacau. Essa foi a solução encontrada pela família dona da Fazenda Provisão, para não perder os negócios na região. Com 190 anos, a fazenda de 400 hectares pertenceu ao primeiro prefeito de Ilhéus. Roberto Novaes, 42 anos, é a sexta geração no comando do local. “Cacau ainda é um bom negócio, mas com a vassoura, tivemos que ver outras formas para manter o lugar, como o turismo”, diz Novaes.


Antes da praga, a fazenda produzia 10 mil arrobas de cacau. Hoje, a produção é de um quarto deste valor. O local recebe turistas, principalmente europeus, para hospedagem e uma parte do mobiliário original foi mantida. “A gente recebe muita gente procurando conhecer a fonte do chocolate e a cultura”, afirma Novaes. Segundo Lessa, o projeto da estrada deve ser iniciado até janeiro, quando a população da cidade duplica.

Cargill lança primeiro chocolate com certificado de sustentabilidade UTZ no Brasil

Linha Genuine UTZ ao Leite estará nas gôndolas do Sam’s Club, do Grupo Walmart.

A Cargill, umas das maiores empresa de alimentos do mundo, lança o primeiro chocolate com certificado de sustentabilidade UTZ no Brasil. A linha Genuine, produzida pela empresa para o segmento foodservice, contará agora com o Genuine UTZ ao Leite e estará à venda nas lojas do Sam’s Club, clube de compras do Grupo Walmart, a partir de abril em todo Brasil.

O Genuine UTZ é um chocolate feito a partir de amêndoas de cacau certificadas com o selo UTZ de sustentabilidade. Esse selo garante que foram adotadas as melhores práticas de gestão, cultivo e segurança em toda a cadeia produtiva do cacau, das fazendas na Bahia à fábrica onde o chocolate é produzido em Porto Ferreira (SP).

O produto será oferecido em barras de 1,05 kg e pode ser utilizado para a confecção de ovos de Páscoa, trufas, coberturas, recheios e sobremesas, entre outras receitas culinárias. A linha Genuine conta ainda com os sabores branco, meio amargo e blend – uma mistura do ao leite com o meio amargo.

“O Genuine UTZ é o primeiro chocolate no mercado brasileiro com um selo de boas práticas, fruto de uma cadeia de produção mais sustentável. Mas o desejo da Cargill é que outras empresas façam coro a essa tendência, aumentando o volume de chocolates e derivados certificados e assim beneficiando toda a cadeia e o país”, ressalta Miguel Sieh, diretor da Unidade de Negócios Cacau e Chocolate da Cargill no Brasil.

A empresa é pioneira na iniciativa que incentiva a certificação UTZ em cacau e promove a produção sustentável de cacau no mundo, por meio da educação e treinamento de produtores e trabalhadores. Desde o início do programa em 2012 já foram certificadas 34 fazendas, e a meta da Cargill é chegar a 70 fazendas até o fim de 2015.

“A certificação UTZ reconhece e bonifica os esforços necessários para implementar e melhorar os processos produtivos na cadeia de cacau. Ao fomentar essas práticas temos bons frutos, tanto na qualidade das amêndoas de cacau como também na qualidade de vida dos produtores, trabalhadores rurais, no meio ambiente e agora no chocolate”, explica Rodrigo Melo, gerente de Originação da Unidade de Negócio Cacau e Chocolate da Cargill no Brasil.

Em 2013, a unidade da Cargill em Porto Ferreira (SP), responsável pela fabricação do chocolate Genuine, tornou-se a segunda planta da empresa no país a receber a Certificação UTZ. Em outubro de 2012, a unidade de processamento de cacau da Cargill em Ilhéus (BA) já havia recebido a certificação. Com esta conquista, a Cargill passa a ser a primeira empresa do país certificada em todas as pontas da cadeia do cacau, da amêndoa ao chocolate.

Cargill Cocoa Promise

O programa UTZ está sob o guarda-chuva do Cargill Cocoa Promise, um compromisso global da empresa para o desenvolvimento de uma cadeia sustentável de produção do cacau que atua em três pilares, melhorar a vida dos produtores de cacau, apoiando as comunidades de produtores e investindo no futuro da produção do cacau. O Cargill Cocoa Promise trabalha em parceria com ONGs e outros parceiros do cacau em países em desenvolvimento.

Por meio do Cargill Cocoa Promise, a Cargill financia, treina e apoia os produtores de cacau para assegurar uma cadeia de produção sustentável nos países produtores, incluindo Costa do Marfim, Gana, Camarões, Vietnã, Indonésia e Brasil. A empresa treina mais de 80 mil produtores anualmente e a meta é assegurar mais de 120 mil toneladas de amêndoas de cacau certificadas até 2015. Fonte: Ultimo Instante

Trazido pelos espanhóis da América Latina

História





A origem do chocolate (feito com amêndoa torrada de cacau) remonta às civilizações pré-colombianas da América Central. E consta que foram os espanhóis, através da expedição de Hernán Cortés, o conquistador do México (1519-26), que no regresso a Espanha levou pela primeira vez o cacau.

Nas civilizações Maia e Asteca acreditava-se que este produto dava grande energia e era afrodisíaco. A nobreza, sobretudo, consumia-o com esses intuitos (antes de Nas civilizações Maia e Asteca acreditava-se que este produto dava grande energia e era afrodisíaco. A nobreza, sobretudo, consumia-o com esses intuitos (antes de atividades sexuais, marchas civis ou militares), através de uma bebida fria e amarga, sem leite ou adoçantes, só com água, e que se revelou ser assim pouco apreciada pelos europeus. sexuais, marchas civis ou militares), através de uma bebida fria e amarga, sem leite ou adoçantes, só com água, e que se revelou ser assim pouco apreciada pelos europeus.

Para entrar na dieta crioula, foi preciso acrescentar-lhe cana de açúcar, canela e anis. Cortés impôs a bebida já assim adaptada aos seus soldados, pois constatou que com uma chávena de chocolate conseguia fazê-los marchar um dia inteiro, sem precisarem de mais comida.

Depois das sementes trazidas em 1526 por Cortés, o primeiro carregamento comercial ocorreu em 1585 de Vera Cruz para Sevilha. Durante muitos anos, a bebida permaneceu um segredo espanhol. Apenas a aristocracia tinha ali acesso ao caro produto, até que foi finalmente introduzido na Itália em 1606 e, a partir daí, em França. Popularizou-se rapidamente, e as 'casas de chocolate' (no modelo das já na moda 'casas de café') espalharam-se por toda a Europa. Claro que o gosto europeu levou a adoçar o chocolate, e a misturá-lo com especiarias. Nos séculos XVII e XVIII o chocolate foi considerado tanto um alimento como um auxiliar da digestão.

O problema é que a terra e o clima europeus eram avessos à sua produção. O cacaueiro é uma planta nativa e milenar de uma região que vai do México, passando pela América Central, até à região tropical da América do Sul. Durante muito tempo, os espanhóis cultivaram cacau na América Central (e foram-no plantando cada vez mais para baixo), usando escravos africanos. Posteriormente, o seu cultivo estendeu-se a África. França, Inglaterra e Holanda chegaram mesmo a cultivar cacau nas suas colónias das Caraíbas - levando a uma descida de preços que popularizou a bebida em todo o mundo.

Com o desenvolvimento dos processos industriais e técnicas culinárias, surgiu o chocolate com leite e depois na forma de um sólido.

A primeira concessão de uma fábrica de chocolates documentada foi passada em 1659, em França, por Luís XIV a David Chaliou. Mas só no séc. XIX surgiram casas tão icónicas como a do francês Pierre Pelletier, a do suíço Henri Nestlé e a dos irmãos ingleses Cadbury.

Hoje as marcas são inúmeras, e em qualquer supermercado do mundo podemos vasculhar as ofertas. Há quem prefira o chocolate de leite, há quem tenha substituído as amêndoas da Páscoa por ovos de chocolate, e há quem procure chocolatarias boas e especiais (como lisboeta, agradeço muito a abertura das portuenses Arcádia, com os seus deliciosos chocolates, em Lisboa).

Mas, nas prateleiras dos supermercados, as tabletes de chocolate ostentam a sua composição, e sobretudo o grau de cacau que contêm.

Por Pedro d'Anunciação /adaptado para o blog cacau do Brasil

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Origem única de chocolate brasileiro a competir ao lado Lindt e Godiva nos EUA





Duas empresas brasileiras de chocolate Harald e Nugali estão esperando para ir cabeça-a-cabeça com os maiores fabricantes de prémios no mercado dos EUA com o single de cacau origem de sua nação de origem.

Harald e Nugali Chocolates tinha sido previamente vendendo origem única de chocolate brasileiro no mercado doméstico, mas este ano vai expandir a distribuição para os EUA - o maior mercado de chocolates do mundo.

Exportando para o mercado dos EUA

Maitê Lang, diretor de Nugali Chocolates, disse ConfectioneryNews nos Sweets & Snacks Expo em Chicago no mês passado: "Os EUA é um mercado que está crescendo em chocolates gourmet - há mais fabricantes de sementes em casas de café."



Ela disse que os consumidores norte-americanos estavam exigindo guloseimas indulgentes com rótulos limpos e ingredientes naturais e disse era o momento certo para entrar os EUA "Os consumidores querem saber onde os produtos provenientes de e eles querem saber que há uma história e um respeito pelo meio ambiente e as pessoas ", disse ela.

Nugali tem vindo a produzir única origem de chocolate brasileiro desde 2006, principalmente para o mercado interno. No ano passado, começou a exportar para Emirados Árabes Unidos e no Japão e agora está à procura de distribuidores na América.

A empresa desenvolveu uma nova linha sob a sua gama única origem com mais sabores brasileiros, como o açaí. "É um esforço em sabores naturais brasileiros - que é o que queremos", disse Lang.

Harald entra maior mercado de chocolates do mundo


Harald, uma muito maior produtor brasileiro de chocolates com uma capacidade de 75.000 toneladas por ano, introduziu uma única origem linha de chocolate brasileiro no ano passado e lançou a marca em os EUA em março deste ano. Ele usa cacau, principalmente, da produção do sistema de cacau Cabruca.

Milena Boggia, gerente de comércio internacional da Harald, disse neste site a mudança para os EUA haviam sido altamente antecipado pela empresa, mas havia alguns obstáculos que não tinha preparado.

Ela disse que as fazendas no Brasil ainda estavam se adaptando às condições que devem ser considerados de cacau fino sabor, o que atrasou o lançamento nos EUA.

Prémio de 100% para o sabor de cacau fino brasileiro

"Há cerca de apenas quatro ou cinco fazendas, por isso não há, tanto quanto nós queremos. A capacidade é muito pequeno. Está crescendo, mas temos que pagar um prêmio de 100% para obter o cacau fino", disse Boggia, acrescentando que um dos Os produtos da Harald origem cacau de uma única fazenda.

"Não é apenas uma questão de trabalhar com origem única, mas fazendas individuais e que só fazem o uso de cacau fino", disse ela.




Cacau brasileiro cresce em regiões como a Transamazônica, Baixo Xingu, Pará e Bahia. "O que é mais plenamente no cacau brasileiro é o sabor frutado como a banana. É um pouco cítrico pouco, mas só um pouco", diz de Nugali Chocolate Maitê Lang.


O mercado mundial do cacau distingue entre "sabor fino» e «a granel» ou grãos de cacau comuns. Sementes sabor fino geralmente vêm de Criollo ou Trinitário variedades de árvores de cacau em vez de árvores Forasteiros comuns.

Pontos comparativos de preços

Na única origem de chocolate brasileiro da Harald US vendido a US $ 4 para um 100 g bar. " Nós estaríamos em torno do preço de Lindt e Godiva e as marcas premium - a maioria marcas europeias ", disse Boggia Em comparação, Walmart vende 100 comprimidos g Lindt Excellence para 2,38 dólares online..

Harald de já garantiu listagem em cadeias de supermercados tradicionais na Costa Oeste dos EUA através do seu distribuidor, que está localizado em Miami, mas tem um armazém em Virginia.




De acordo com o gerente de comércio internacional da Harald Milena Boggia, chocolate brasileiro que luta para competir na Europa Ocidental com a Swiss, belga e alemão empresas bem estabelecidas. "O Brasil é muito conhecido em todo o mundo para a produção de cacau, mas não tem qualquer tradição na produção de chocolate, " ela disse.


"Se você me perguntar:?. Estamos a ganhar dinheiro vendendo para os EUA Não, nós não somos Mas é algo estratégico para nós", disse Boggia.

Nugali também paga o dobro do preço de mercado para garantir Scavina 6 de cacau do Brasil. Seus produtos de varejo em os EUA em US $ 4,99 para bares 100 g."Nós pensamos que nós estivemos mais perto do agricultor, para que possamos ser mais competitivos", disse Lang

Ela disse Nugali se concentraria primeiro em canais especializados em os EUA, mas acrescentou: " Gostaria muito de competir com Lindt, eles têm uma grande marca e fazem grandes produtos. "

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Sem-terra reescrevem história do cacau no sul da Bahia



AGROECOLOGIA


Assentamentos substituem a lógica perversa da plantação de cacau dos coronéis pela construção coletiva de uma produção agroecológica


OZIEL ARAGÃO/MST

É previsto que o assentamento forneça o cacau fino, produto mais valorizado e de melhor qualidade

Ilhéus-Ba – Nos murais das escolas, nas estátuas, nas placas do comércio local. A importância do cacau na economia do território do litoral sul baiano está evidenciada pelas cidades que viveram o auge e declínio dos coronéis. A história de riqueza das grandes fazendas entra em colapso no final da década de 80 quando uma série de fatores como " El-ninho, inflação galopante, êxodo rural, queda dos preços na bolsas internacionais, elevados preços dos insumos e  a “vassoura-de-bruxa” abala a lavoura. Com a falta de experiencia em lidar o fungo  Moniliophtora perniciosa , ajudou a comprometer  a economia da região, ocasionando uma queda brusca da produção.

As grandes propriedades de terras foram abandonadas, após tentativa frustrada do governo em financiar a continuidade da produção. Foi assim que a “vassoura-de-bruxa” resultou no fim de um ciclo de riqueza do sul da Bahia . Na realidade quando a vassoura fora descoberta já havia instalado o desemprego na região, mas por falta de conhecimento e de pesquisa, a grande maioria dos jornais e dos proprietários atribuem à culpa a vassoura.

É neste cenário que as famílias expulsas das grandes propriedades de terra se unem enquanto MST para continuar a produção agrícola na região, ocupando os latifúndios abandonados pelos herdeiros dos coronéis e suas famílias. Na verdade a cultura do cacau sempre foi absenteísta, os proprietários sempre moraram fora da propriedade, do município e até em outro país . 
Os assentamentos Terra Vista e Nova Aliança, nas proximidades de Arataca, Ojeferson Santos e Loanda, próximos ao município de Itajuípe.
OZIEL ARAGÃO/MST

Em Terra Vista, uma história de tentativas e erros marcou o início do assentamento

Um dos mais antigos do estado, o Assentamento Terra Vista começou com 300 famílias que acamparam numa fazenda abandonada de 904 hectares, em março de 1992. A emissão de posse veio em 1995, junto com o desafio de estruturar a produção na fazenda.

Em Terra Vista, uma história de tentativas e erros marcou o início do assentamento. O MST buscou a produção de cacau, a piscicultura e o plantio de café, banana, mandioca e abacaxi (este último para a produção de doces, numa pequena fábrica montada no assentamento).

A área, porém, continuava devastada pela “vassoura-de-bruxa” e os investimentos do estado não chegavam para que se pudesse investir na área. Com isso, no final da década de 90, os assentados foram aos poucos perdendo a produção e a piscicultura foi abandonada. A história se transforma quando o Movimento, com o apoio da Cooperativa de Produtores Orgânicos do Sul da Bahia (Cabruca), começa a investir na produção orgânica.

A agroecologia e o selo orgânico

Para mostrar que era possível o caminho orgânico, o MST e o Cabruca fizeram um experimento. “Separamos um hectare do assentamento para cultivo de cacau feito de forma 100% orgânica. Em seis anos, os dados provaram a eficácia do método: saímos de 3,3 arrobas de cacau por ano para 92 arrobas”, relata Francisco Vilas, coordenador do assentamento.
OZIEL ARAGÃO/MST
Foram testados 10 tipos de clones de cacau e, após análise, foram selecionados os cinco melhores para a região

Foram testados dez tipos de clones de cacau e, após análise, foram selecionados os cinco melhores para a região. Atualmente, seis assentamentos na região possuem o selo de Inspeções e Certificações Agropecuárias e Alimentícias (IBD), que garante que o produto cultivado na área é produzido organicamente, ou seja, sem nenhum uso de produto químico.

Assim, toda a produção dos assentamentos (cacau, cupuaçu e hortaliças, por exemplo) pode ser comercializada com este selo. Reconhecido internacionalmente, o selo ajuda na valorização e comercialização da produção.

A produção orgânica também trouxe uma mudança na forma de pensar o produto final do assentamento. Antes, os produtores vendiam as amêndoas do cacau. A nova meta, por meio de uma parceria do Sistema Agro Florestal (SAF) com o Centro Estadual de Educação Profissional do Campo Milton Santos, prevê que o assentamento forneça o cacau fino, produto mais valorizado e de melhor qualidade.

Futuramente, o MST pretende ter a própria produção de chocolate, que hoje depende de parcerias externas. Para Solange Santos, uma das coordenadoras do assentamento, trata-se de uma nova visão da agricultura. “Mudamos a visão do coronel de plantar, colher e vender para uma visão que questiona o que foi plantado e como foi plantado, transformando os antigos hábitos, agregando conhecimento à nossa produção”, diz.

“Caminhamos agora para que a produção seja completamente agroecológica, o que significa cumprir o tripé: ser socialmente justo, economicamente viável e ambientalmente correto”, explica Anderson Oliveira, técnico do setor regional de produção.

No viveiro do Assentamento Terra Vista, cerca de 100 mil mudas são produzidas por ano, em sua maioria cacau, cupuaçu e plantas nativas. A região de floresta corresponde a quase um terço fazenda, sendo que regiões devastadas pelo antigo dono, como as áreas de matas ciliares e de morro, foram reflorestadas pelos assentados.

Também está sendo intensificada a produção própria de adubo orgânico, integrando todas as etapas da produção dentro do assentamento. Na produção específica do cacau, a forma como as amêndoas são secadas também está sendo uniformizada nos assentamentos, que aos poucos devem abandonar a secagem à lenha (que é feita com madeira certificada como própria) e o processo de barcaças (estruturas desenvolvidas para a secagem sem precisar de vapor), técnicas que serão substituídas pelas estufas, que já estão sendo montadas nos assentamentos. A meta é aumentar em quatro salários mínimos o rendimento mensal das famílias, fruto do aumento da produtividade previsto com o uso de novas técnicas.
OZIEL ARAGÃO/MST
Produção do chocolate orgânico também ajudou a comunidade a conhecer melhor a atuação do MovimentoRelação com a comunidade

Os assentamentos possuem uma relação próxima às comunidades circunvizinhas. Isso se dá, por exemplo, por meio da participação no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Aderindo a este programa, a Reforma Agrária garante parte da merenda escolar dos municípios.

Os assentamentos também costumam integrar o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), ação do Fome Zero que disponibiliza alimentos produzidos pela agricultura familiar às populações em situação de insegurança alimentar. Dessa maneira, as famílias assentadas colaboram com nove entidades da região, ajudando a alimentar mais de seis mil pessoas.

A produção do chocolate orgânico também ajudou a comunidade a conhecer melhor a atuação do Movimento. “O cacau ficou desacreditado durante muito tempo, pois trazia a história de opressão dos coronéis e do desmatamento da mata nativa. Agora, com o reconhecimento da produção cacaueira, que vem também com o chocolate orgânico, renasce a história do cacau, sem os traços de antes”, diz Josival Borges, do Setor de Produção regional.

Em 2012, por exemplo, o chocolate orgânico produzido pelos sem-terra esteve presente na Rio+20 e no Salon du Chocolat (maior evento de chocolate do mundo), realizado em Salvador. Com o sucesso do produto, representantes do assentamento participaram do mesmo evento, no final de outubro, em Paris, na França.
Educação

Além da produção agrícola e seus produtos, o movimento interage com as comunidades e com os assentados por meio da educação. No Assentamento Terra Vista, a estrutura de educação atende às crianças e jovens do campo e das comunidades urbanas “Mudamos a visão do coronel de plantar, colher e vender para uma visão que questiona o que foi plantado e como foi plantado”, diz Solange Santos, do MST vizinhas. Na educação infantil, a Escola Municipal Florestan Fernandes atende a formação até o 5º ano.
OZIEL ARAGÃO/MST

Para o nível médio e técnico profissionalizante, os estudantes frequentam o centro de educação

Para o nível médio e técnico profissionalizante, os estudantes frequentam o Centro Estadual de Educação Profissional do Campo Milton Santos, onde podem cursar Zootecnia, Agroecologia, Informática, Meio Ambiente e Agroextrativismo. O centro também possui uma sala de informática, por meio do programa estadual de Centros de Cidadania Digital.

“Os cursos profissionalizantes são abertos à comunidade vizinha, ajudando as cidades a ter acesso a essa educação. Nossa meta é não apenas criar mão de obra, mas sim profissionais qualificados capazes de ter uma posição crítica ao mundo”, diz Mara Ribeiro, coordenadora regional de educação do MST.

Fora do assentamento, há a oportunidade no ensino superior. Isso ocorre por meio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). Em parceria com a Universidade Estadual da Bahia (Uneb) e com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), os sem-terra conseguem cursar a educação superior no curso de Agronomia.

Tendo como base o modo de vida no campo e suas singularidades, a pedagogia adotada nestes cursos é de alternância, o que permite conciliar o trabalho rural com os estudos.


Apesar das garantias conquistadas, o MST ainda enfrenta dificuldades na manutenção dos projetos. “Estamos sofrendo algumas perdas. Por exemplo, tivemos redução no apoio do governo a alguns projetos de educação. Internamente, essa perda se reflete na dificuldade de manter um trabalho de formação política dos formadores, o que configura um desafio para a organização do coletivo de educação no assentamento”, diz Mara Ribeiro.

O desafio a que ela se refere conta com algumas iniciativas. Mensalmente, durante dois dias, os assentados se reúnem em um seminário para planejar as atividades da produção agrícola. Este momento é estendido também para a educação, com espaço de formação na tentativa de aliar a educação ao trabalho. “Envolvemos as crianças nas tarefas da horta, além de dividirmos atividades entre todos: homens e mulheres. O momento também tem sido aproveitado como um espaço de reflexão do movimento”, diz Mara.

OZIEL ARAGÃO/MST

Atualmente, a principal meta na educação é garantir que as escolas trabalhem em turno integral

Atualmente, a principal meta na educação é garantir que as escolas trabalhem em turno integral, possuindo atividades pedagógicas para o tempo livre. A estruturação da biblioteca do Centro Milton Santos também é um dos próximos passos a serem dados pelas famílias, com a finalidade de trazer ao assentamento atividades e cursos artístico-culturais.
Uma nova história para o cacau

Os assentamentos representam uma radical mudança no cenário da produção agrícola local. O assentado Cipriano Ventura dos Santos, do Assentamento Ojeferson Santos, assistiu às mudanças de perto.

“Na época dos coronéis, a gente era quase cativo, sem nenhuma regalia. A gente vendia o dia para comer e não tinha direito de fazer nem uma roça”, diz Cipriano, que começou a trabalhar com 11 anos nas lavouras de cacau, recebendo um cruzeiro por dia. “Hoje eu ganho mais e administro meu tempo, sem nenhum cabo de turma”, completa.

No tempo dos latifundiários do cacau, a educação não fazia parte dos planos dos trabalhadores. “Meu pai não tinha condição de me por na escola, dizia que escola de menino era a roça. Quando aprendi a escrever meu nome, eu já era pai. Hoje, meus filhos sabem ler”, relata Santos.

João da Silva Meira, assentado do Ojeferson Santos, também trabalhou nas plantações de cacau dos coronéis. “Hoje a vida está bem melhor, porque a gente não precisa trabalhar para os outros e ainda ajuda o abastecimento da cidade. Mas ainda precisamos que o governo nos dê crédito e fortaleça as políticas públicas aqui, falta olhar com mais atenção para a nossa realidade”, diz.
OZIEL ARAGÃO/MST

Assentamento de Cipriano busca parcerias para que o investimento na produção orgânica continue na região

A nova história do cacau promete novos frutos. O assentamento de Cipriano, por exemplo, busca parcerias para que o investimento na produção orgânica possa ser continuado na região, bem como estrutura para que outros cultivos ajudem na renda do trabalhador rural, a exemplo da produção de farinha de mandioca. Já o Terra Vista e Nova Aliança buscam ampliar a produção agroecológica e introduzir novas tecnologias que ajudem neste caminho.

A luta do MST vem, portanto, trocando a roupa do coronelismo, da concentração de riqueza e do latifúndio do passado da região por uma história de integração, agroecologia e educação para os trabalhadores rurais.

por Ana Maria Amorim, do MST /Adaptado por o photossintese

sábado, 13 de junho de 2015

Faculdade de Ilhéus e Cabruca querem implantar Pós-Graduação em Gestão de Chocolataria Gourmet




Faculdade de Ilhéus e Cabruca querem implantar pós-graduação em Gestão de Negócios em Chocolataria Gourmet

O presidente do Instituto Cabruca, Durval Libânio Netto Mello, esteve reunido com o diretor da Faculdade de Ilhéus, Almir Milanesi, com o objetivo de definir uma parceria entre as instituições visando à implantação de um curso de pós-graduação em Gestão de Negócios em Chocolataria Gourmet. Participaram também da reunião a diretora Acadêmica, Sandra Milanesi, a coordenadora do curso de Nutrição, Juliana Argolo, o secretário executivo do Cabruca, Gerson Marques, e o engenheiro de Alimentos, Biano Alves de Melo Neto, pesquisador do Instituto Federal Baiano.

Durval Libânio, que também é professor universitário e já presidiu a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Cacau, e participou do Salão do Chocolate de Paris, fez um breve histórico sobre o chocolate produzido na Europa e sobre as variedades de cacau, a exemplo do crioulo, o forasteiro (cultivado em nossa região e considerado ideal para maior percentual no chocolate) e o trinitário. Conforme declarou, “o grande mercado do chocolate é aqui e o chocolate que estamos produzindo é da melhor qualidade. É a oportunidade de mostrar o que sabemos fazer e refletir o quanto fomos iludidos com o chocolate ao leite, com baixo teor de cacau, produzido por marcas famosas do mercado internacional”.

Com relação à implantação do curso, Libânio afirma que “a nossa logística, com aeroporto e voos até São Paulo, se constitui numa facilidade de acesso, e a fazenda de cacau é um grande atrativo para atrair visitantes de outras regiões, pontos que favorecem a instalação de cursos em nossa cidade.”. Para o secretário executivo do Cabruca, Gerson Marques, “temos o produto, que é o cacau, e por isso nos cabe desenvolver uma escola de chocolataria”.

A Faculdade de Ilhéus foi escolhida para a implantação da pós-graduação em Gestão de Negócios de Chocolataria Gourmet em função do bom conceito que os seus cursos desfrutam na região, além da infraestrutura de laboratórios que possui, com equipamentos de última geração, e de oferecer o curso de Nutrição.

O presidente do Instituto Cabruca acrescenta que “somos o terceiro maior produtor de cacau, temos produção e temos mercado consumidor”. Segundo ele, o Instituto Cabruca está estruturando a sede localizada na Avenida Dois de Julho, no centro histórico de Ilhéus, para vender serviços, inclusive com cursos de curta duração sobre chocolate. “Nosso laboratório está preparado para ensinar a fazer chocolate em casa”, garantiu Durval Libânio.

A diretora acadêmica da Faculdade de Ilhéus, Sandra Milanesi, disse que “a instituição está aberta a novos projetos e temos como missão contribuir para o crescimento da região”. O próximo passo da parceria será a visita dos diretores da Faculdade à sede do Cabruca para conhecer as instalações do laboratório. Ela salientou que a Faculdade integra um grupo de estudos que discute a Cadeia do Cacau e Chocolate do Sul da Bahia, na sede do Sebrae de Ilhéus, ao lado de representantes da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, da UESC, Associação Cacau Sul Bahia, Sesi, Senai, Sindicato Rural de Ilhéus, Federação da Agricultura, Câmara Setorial Nacional do Cacau, dentre outros.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Cultivadores de cacau reflorestam Amazônia brasileira


Darcírio Wronski mostra as amêndoas de cacau secando ao sol no pátio de sua casa, com as quais elabora manteiga de cacau. Sua família é uma das 120 agrupadas em seis cooperativas que elaboram cacau orgânico na região de Medicilândia e Altamira, no Estado do Pará. Foto: Mario Osava/IPS

Medicilândia, Brasil, 10/6/2015 – “Agora nos damos conta do paraíso em que vivemos”, reconheceu Darcírio Wronski, líder dos produtores de cacau orgânico na região onde a rodovia Transamazônica cruza a bacia do rio Xingu, no norte do Brasil. Além do cacau, em seus cem hectares ele cultiva banana, cupuaçu (Theobroma grandiflorum), abacaxi, maracujá (Passiflora edulis) e outras frutas, nativas ou não.

Com as frutas, sua mulher, Rosalina Brighanti, prepara geleias, que são tentações por si mesmas, ou recheios de barras de chocolate, que ela e seus ajudantes produzem artesanalmente. Tudo com certificado orgânico.

Mas era mais parecida com o inferno a realidade que ambos enfrentaram nos anos 1970, quando migraram separadamente do sul do Brasil para Medicilândia, município que se apresenta como “a capital nacional do cacau”, onde se conheceram, se casaram em 1980 e tiveram quatro filhos, que hoje trabalham com eles na propriedade.

Vieram para a Amazônia devido à publicidade enganosa do governo, na época uma ditadura militar, que prometia muita terra com toda a infraestrutura e os serviços de saúde e educação em assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O objetivo era ocupar a Amazônia, considerada um vazio demográfico vulnerável a invasões e manobras internacionais, que poderiam tirar do Brasil a soberania sobre o imenso território de selvas, rios e possíveis riquezas minerais.

A Transamazônica – uma estrada projetada para percorrer 4.965 quilômetros cruzando horizontalmente o país desde o nordeste até o extremo oeste – seria um eixo dessa integração amazônica à nação, ao longo do qual se assentaram milhares de famílias rurais, procedentes de outras regiões do país. Inconclusa, sem pavimentação nem pontes adequadas, a estrada logo ficou intransitável em muitos trechos, especialmente na época das chuvas.

Os assentados ficaram abandonados, praticamente isolados, e provocando um extenso desmatamento. Medicilândia é produto desse processo. Seu nome homenageia o general e presidente Garrastazú Médici (1969-1974), que inaugurou a Transamazônica em 1972. O lugar surgiu no quilômetro 90 da rodovia, se expandiu até ser reconhecido como município, em 1989, onde agora vivem cerca de 29 mil pessoas.
Rosalina Brighanti, conhecida como Dona Rosa, em sua cozinha, onde prepara doces, com o cartaz dos chocolates orgânicos, feitos sob padrões especiais da família, reconhecidos por consumidores e comerciantes no Brasil e no exterior. Foto: Mario Osava/ IPS
“Para os pioneiros da colonização foi uma tortura. Aqui não tinha nada para se comprar ou vender. Para comprar alguns alimentos tínhamos que viajar até Altamira, a cem quilômetros por estrada sem asfalto”, recordou Rosalina, de 55 anos, mais conhecida como Dona Rosa.

Natural do Estado de Santa Catarina, onde seu pai tinha uma pequena propriedade, impossível de dividir entre os dez filhos, Wronski buscou o “sonho amazônico”. Após fracassar com cultivos tradicionais como arroz e feijão, acabou comprando uma área e plantando cacau, um cultivo local incentivado pelo governo. Sua opção pela produção orgânica acelerou o reflorestamento de suas terras, onde antes se cultivava cana-de-açúcar.

O cacau agora aparece como alternativa para geração de empregos e de renda para mitigar o desemprego local, quando terminar a construção de Belo Monte, a gigantesca hidrelétrica sobre o rio Xingu, localizada perto de Altamira, principal cidade da região que engloba 11 municípios. Suas primeiras turbinas devem gerar energia a partir deste ano, e as últimas em 2019.

A atração de empregos fixos nas obras de Belo Monte tirou mão de obra do cacau. “Isso provocou a perda de 30% na colheita de cacau de Medicilândia este ano”, contou Wronski à IPS durante uma visita à sua plantação. “Conheço uma família que tem 70 mil cacaueiros cujo filho trabalha em Belo Monte e não na colheita”, disse este produtor de 64 anos. A expectativa é que os trabalhadores voltem ao cacau quando se intensificarem as demissões nas construtoras, com a proximidade do final das obras.

Para a manutenção das plantações são suficientes as famílias que vivem nas propriedades, mas a colheita exige mão de obra adicional. Essa situação não preocupa o casal Wronski-Brighanti. Em sua propriedade vivem seis famílias, duas de parentes e três de meeiros, que trabalham parcelas da plantação em troca de metade da colheita. Além disso, contam com trabalhadores ocasionais procedentes de uma agrovila vizinha, onde vivem cerca de 40 famílias, boa parte sem cultivos próprios.

As propriedades de cacau empregam muita gente porque “sua mão de obra é 100% manual, não há máquinas para colher e quebrar seus frutos”, explicou à IPS o técnico local Alino Zavarise Bis, da Comissão Executiva do Plano de Cultivo do Cacau (Ceplac), órgão estatal de fomento, assistência técnica e pesquisas.

Além de empregos e renda que mantêm as famílias no campo, o cultivo de cacau impulsiona o reflorestamento. Medicilândia ainda tem dois terços de população rural e, vista do ar, mostra ser um município que conservou suas florestas nativas. Isso ocorre porque os cacaueiros necessitam da sombra de árvores mais altas, para sua saúde e produtividade. Quanto estão crescendo, se usa a sombra de bananeiras, o que, por sua vez, aumentou muito a oferta local desse fruto.
Cacaueiro carregado de frutos, à sombra de algumas plantas de banana, na propriedade da família Wronski, no município de Medicilândia, no Pará, na Amazônia brasileira, onde os produtores orgânicos ajudam a reflorestar a região. Foto: Mario Osava/ IPS
“Temos o privilégio de trabalhar à sombra”, brincou Jedielcio Oliveira, coordenador comercial do Programa de Produção Orgânica, desenvolvido na região Transamazônica/Xingu pelo Ceplac, por outras instituições nacionais e pela Agência Alemã de Cooperação Técnica. Porém, a produção orgânica ainda é muito pequena, apenas 1% do total do Estado do Pará, onde fica Medicilândia e toda a área de influência de Belo Monte.

“São cerca de 800 mil toneladas anuais de amêndoas de cacau e um nicho de 120 famílias, agrupadas em seis cooperativas”, afirmou Bis. Wronski preside uma delas, a Cooperativa de Produção Orgânica da Amazônia, e acaba de ser eleito para encabeçar a Cooperativa Central, recém-criada para coordenar atividades, como a comercialização, das seis sociedades de produtores.

“O produtor orgânico deve ter um perfil distinto, mais sensível à preservação ambiental, à sustentabilidade. Enquanto o convencional objetiva a produtividade e os ganhos, o orgânico busca o bem-estar, a saúde familiar e a conservação da natureza, sem ignorar lucro, já que obtém preços melhores”, explicou o técnico do Ceplac.

Por essa razão, uma nova adesão só acontece por convite de um sócio da cooperativa, aprovação em assembleia e “um processo de conversão que dura três anos, tempo necessário para desintoxicar o solo”, que recebeu venenos e fertilizantes químicos, acrescentou Bis. “O sistema de produção tem de ser orgânico, não apenas o produto final”, ressaltou à IPS outro produtor de cacau, Raimundo Silva, de Uruará, município a oeste de Medicilândia, e responsável comercial pela nova Cooperativa Central.

O cacau orgânico do Pará abastece, por exemplo, o grupo austríaco Zotter Chocolates, que anuncia uma variedade de 365 sabores e a prática do comércio justo. No Brasil, tem entre seus clientes a empresa Harald, que exporta seus chocolates para mais de 30 países, e a companhia Natura Cosméticos.

A indústria, em geral, embora prefira a matéria-prima mais abundante e barata, agrega uma parte do orgânico, mais rico em manteiga, sempre que deseja produzir um chocolate de melhor qualidade. O cacau convencional, que usa pesticidas e outros produtos químicos, ainda domina o setor no Pará. Uma pequena fábrica de chocolate, a Cacauway, foi criada em 2010 em Medicilândia pela Cooperativa Agroindustrial da Transamazônica, formada por produtores não orgânicos.
O produtor de cacau José Tinte Zeferino, conhecido como Cido, diante de sua casa, escondida entre uma densa vegetação e rodeada por seus cacaueiros, no município de Brasil Novo, perto do rio Xingu e da rodovia Transamazônica. Foto: Mario Osava/IPS

“O futuro do cacau está no Pará, que reúne todas as condições favoráveis à sua produção, como chuva abundante, solos férteis e seu cultivo por agricultores familiares, que permanecem em suas terras, ao contrário dos grandes produtores que vivem nas cidades”, destacou Bis. O Pará ainda é superado pelo Estado da Bahia, que concentra dois terços da produção nacional de Cacau, mas a produtividade paraense alcança uma média de 800 quilos para cada árvore, o dobro da baiana, assegurou o especialista.

Além disso, os cacaueiros amazônicos convivem melhor com pragas como a vassoura de bruxa, que reduziu em 60% a colheita da Bahia na década de 1990. Nessa época, o Brasil era o segundo produtor mundial, mas caiu para sexto lugar, superado por países da África ocidental, Indonésia e inclusive o vizinho Equador.

De colonizador a reflorestador

José Tinte Zeferino, conhecido como Cido, de 57 anos, trouxe sua paixão pelo café do Estado do Paraná até a rodovia Transamazônica. Sendo inviável a cafeicultura, tentou vários cultivos e acabou como produtor de cacau orgânico em Brasil Novo, município vizinho a Altamira e ao rio Xingu. Mas agora sua paixão é florestal, as árvores enormes que plantou ou conservou em sua propriedade de 98 hectares, adquirida há 15 anos.

O cacaueiro exige sombra, mas Cido exagerou em sua dedicação à produtividade, segundo outros cooperativistas. “Produzo entre 2.800 e três mil quilos por ano, e com a vantagem do melhor preço do cacau orgânico, basta para viver”, afirmou. Sua alegria é contemplar árvores gigantescas e ter sua casa invisível para quem está na rodovia, ocultada pela densa vegetação. Ele radicalizou a conversão do colonizador em reflorestador amazônico.

* Fonte : Inter Press Service . Esta reportagem integra uma série concebida em colaboração com Ecosocialista Horizons.


segunda-feira, 8 de junho de 2015

Chocolife marca presença na NaturalTech e lança a Linha Veggie para Vegetarianos e Veganos


A linha Veggie, composta por Veggie Protein, proteína concentrada de arroz integral germinado orgânico e ervilha amarela nos sabores natural e baunilha, será apresentada ao público durante a NaturalTech de 10 a 13 de junho no Pavilhão da Bienal do Ibirapuera/SPor Shakes nos sabores frutas vermelhas e chocolate e o




Lançamentos:


Chocolife Veggie Protein- Proteína de concentrada de arroz integral germinado orgânico e ervilha amarela sabores natural e baunilha em embalagem de 400g

Chocolife Veggie Shake sabores chocolate e frutas vermelhas em embalagem de 412g

A Chocolife se consolida no mercado de alimentos funcionais, zero glúten, lactose e açúcar e lança a Linha Chocolife Veggie voltada ao público vegetariano, vegano e aos que buscam qualidade de vida.


Veggie Shake sabores frutas vermelhas e chocolate
Características e benefícios do Chocolife Veggie Shake:
O produto é 0% açúcar, 0% glúten, 0% lactose, 0% soja, 0% corantes e conservantes, uma porção com 32 gramas tem em média 91 calorias, traz 25% da ingestão diária recomendada de vitaminas e minerais quelados, que tem melhor absorção que os sais minerais inorgânicos, utilizados em produtos convencionais.


Mix de Fibras
Cada porção de 32 gramas contém ainda 5g de fibras prebióticas, que estimulam o crescimento da população de probióticos no intestino, que gera ácidos graxos de cadeia curta, melhora a absorção de alguns minerais (como cálcio e ferro), aumenta o volume do bolo fecal, reduz o tempo de trânsito intestinal, tem ação hipocolesterolêmica e ainda melhoram a defesa intestinal contra patógenos e alérgenos.


Proteínas
O Chocolife Veggie Shake tem na sua composição um mix de proteínas: proteína concentrada de arroz integral germinado orgânico, proteína concentrada de ervilha amarela e a colaboração da proteína proveniente do amaranto. São proteínas hipoalergênicas com perfil de aminoácidos essenciais e não essenciais equilibrados, ideal para formação de músculos, perda de gordura e aumento do desempenho físico. Com perfil nutricional semelhante a proteína do leite, apresentam resultados positivos em suplementação pós treino.
Frutas vermelhas liofilizadas
Cada porção do Chocolife Veggie Shake fornece ainda 1000mg de frutas vermelhas liofilizadas, processo que assegura a integridade dos nutrientes, o que preserva todos os benefícios presentes nas frutas in natura.

O Chocolife Veggie Shake é composto ainda de 345mg de ômega-3 proveniente da semente de linhaça dourada, finamente moída e processada, o que garante excelente biodisponibilidade do ácido graxo essencial ALA (ácido alfa linolênico).
Chocolife Veggie Shake sabor Frutas Vermelhas:
Porção de 32g = 92 calorias
Embalagem 412g = 13 porções

Ingredientes:
Mix de proteínas vegetais (proteína concentrada do arroz integral germinado, proteína concentrada de ervilha amarela), amaranto, Mix de vitaminas e minerais quelados (sulfato de potássio anidro, cálcio citratomalato, sulfato de magnésio monohidratado, trisglicinato de ferro, ácido ascórbico, nicotinamida, bisglicinato de zinco, pantotenato de cálcio, cloridrato de piridoxina, riboflavina, nitrato de tiamina, acetato de retinol, ácido pteroilmonoglutâmico, iodeto de potássio, complexo de selênio com glicina, biotina, DL alfa acetato de tocoferol, cianocobalamina), polidextrose (fibra alimentar), frutooligossacarídeo (fibra alimentar), linhaça dourada finamente moída, mix antioxidante (açaí, cranberry, morango e framboesa), goma acácia, goma xantana, ácido cítrico, aromatizante idêntico ao natural de frutas vermelhas, edulcorante natural estévia (Reb A). Não contém glúten.


***Preço sugerido ao consumidor final: R$115,00
Uma porção de 400ml (32g), se considerado apenas o produto sairá por R$9,58.
Chocolife Veggie Shake Sabor Chocolate
Porção de 32g = 90 calorias
Embalagem 412g = 13 porções


Ingredientes:
Mix de proteínas vegetais (proteína concentrada do arroz integral germinado, proteína concentrada de ervilha amarela), amaranto, mix de vitaminas e minerais quelados (sulfato de potássio anidro, calciocitratomalato, sulfato de magnésio monohidratado, trisglicinato de ferro, ácido ascórbico, nicotinamida, bisglicinato de zinco, pantotenato de cálcio, cloridrato de piridoxina, riboflavina, nitrato de tiamina, acetato de retinol, ácido pteroilmonoglutâmico, iodeto de potássio, complexo de selênio com glicina, biotina, DL alfa acetato de tocoferol, cianocobalamina), cacau em pó, linhaça dourada finamente moída, polidextrose (fibra alimentar), frutooligossacarídeo (fibra alimentar), mix antioxidante (açaí, cranberry, morango e framboesa), goma acácia, goma xantana, aromatizante idêntico ao natural de chocolate, edulcorante natural estévia (Reb A).

Não contém glúten.
Sugestões de uso: misture 2 medidas de Chocolife Veggie Shake com 400mL de água, água de coco, leites vegetais ou sua bebida favorita. Experimente também adicionar frutas.
***Preço sugerido ao consumidor final: R$115,00
Uma porção de 400ml (32g), se considerado apenas o produto sairá por R$9,58.


Chocolife Veggie Protein Sabores Natural e Baunilha
O Chocolife Veggie Protein foi desenvolvido não somente para veganos e vegetarianos, mas para todas as pessoas que necessitam aumentar o seu aporte proteico de forma saudável e prática. Composto por proteínas vegetais provenientes do broto do arroz integral germinado orgânico e da proteína concentrada de ervilha amarela, que se destacam pelo perfil de aminoácidos essenciais e não essenciais equilibrado, que auxiliam na construção de músculos, redução de gordura e aumento da performance.

Lista de Ingredientes e calorias
Chocolife Veggie Protein Sabor Natural
Ingredientes: Mix de proteínas vegetais (proteína concentrada do arroz integral germinado, proteína concentrada de ervilha amarela), goma xantana.
O produto tem 16 gramas de proteína vegetal por porção, o que equivale a 22% das necessidades diárias, é isento de glúten, 0% de açúcar, 0% de gordura trans, 0% de soja, 0% de proteína do leite e 0% de ingredientes animal.

**1 porção de 20g equivale a 77,8 calorias.
*Chocolife Viggie Protein Sabor Baunilha
Ingredientes: Mix de proteínas vegetais (proteína concentrada do arroz integral germinado, proteína concentrada de ervilha amarela), aromatizante idêntico ao natural de baunilha, edulcorante esteve (Rio A), goma chanana.

O produto tem 16 gramas de proteína vegetal por porção, o que equivale a 22% das necessidades diárias, é isento de glúten, 0% de açúcar, 0% de gordura trans, 0% de soja, 0% de proteína do leite e 0% de ingredientes animal.

**1 porção de 20g equivale a 77,8 calorias.
Preço sugerido ao consumidor final: R$ 115,00


Sobre a Chocolife
A empresa está no mercado há 7 anos e já conquistou uma legião de pessoas que buscam bem estar e qualidade de vida. A Chocolife nasceu da demanda de consumidores que, orientados principalmente por nutricionistas para o consumo de chocolate com maior percentual de cacau, portanto com mais potencial antioxidante, baixo teor de gorduras, isentos de lactose, de glúten e zero açúcar.


Possui em seu portfólio uma linha completa de chocolates funcionais, ao leite, 50% cacau, 70% cacau, achocolatado com alto teor de cacau e lançou o primeiro shake hipoalergênico do Brasil, nos sabores baunilha e chocolate.


Em 2013 a empresa lançou a exclusiva linha da beleza Beauty Care que revoluciona os cuidados com a pele, composta de achocolatado, creme de avelã e chocolate. Todos com colágeno Verisol®, peptídeos que estimulam a produção de colágeno, o qual traz benefícios à pele.

Linha Food Service para confeitaria funcional
A Chocolife desenvolveu ainda o Chocolate em barra com 2.010kg, voltado a profissionais da gastronomia e mercado food service, nas versões 50% cacau, e 70% cacau, ambos com os mesmos benefícios dos tabletes de 25 gramas, bem como os Shakes Hipoalergênicos de 2,5kg, Veggie Shake de 2,56kg, Veggie Protein com 2,2kg e Creme de Avelã com Cacau, de 3kg, ambos sem açúcar, sem glúten e sem lactose.


Pontos de Vendas
Os produtos da Chocolife podem ser encontrados em pontos de vendas, nos seguintes Estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Brasília, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Ceará, Alagoas, Bahia, na Rede Mundo Verde e outras Lojas de Produtos Naturais. Em São Paulo na Casa Santa Luzia, Empórios Especiais, Drogaria São Paulo, Farmácia Onofre, e nas farmácias de manipulação. O site da empresa traz um mapa com todos os pontos de vendas da Chocolife no país.

Serviço
NaturalTech - 11ª Feira Internacional de Alimentação Saudável, Suplementos, Produtos Naturais e Saúde
A conscientização do consumidor e sua exigência cresceram. O ponto de venda precisou se adaptar e ampliar seus produtos para atender esta demanda. Assim é a NATURALTECH, promovida pela Francal Feiras é uma feira profissional voltada a negócios na área de alimentação saudável, suplementos, beleza e terapias complementares.

Data: 10 a 13 de junho de 2015
Horário: 11h às 19h
Local: Pavilhão da Bienal do Parque Ibirapuera (entrada pelo portão 3) - São Paulo - SP - Brasil
Visite o Estande da Chocolife na NaturalTech na Rua 3, estande nº 65.
Entrada Franca
www.naturaltech.com.br